“Falar com o coração”. É este o título do livro de Rosa Rodrigues, de 60 anos, bracarense por adoção mas com raízes fundas na cidade, agora dado à estampa.
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A obra, que tem uma parte inteiramente poética (“Uma vida em poemas”) e outra em prosa e em poesia, intitulada “Retalhos da vida”, acaba de ser apresentada na Biblioteca Lúcio Craveiro, ocasião em que foram declamados alguns dos seus poemas, tarefa a cargo de amigos e colegas.
A apresentação da autora esteve a cargo de Maria Amélia Santos, professora da disciplina de Literatura da Academia Sénior de Braga que Rosa frequenta de forma entusiástica e que a incentivou a concretizar a veia poética. Atividade que conjuga com a de voluntária no Hospital de Braga, o que transparece de alguns dos seus versos.
Na sala, a Rosa Rodrigues contou um pouco da sua história de vida, a de filha de um bracarense, Vasco Rodrigues, que casou em Santa Maria da Feira e que, por triste fado da vida, faleceu precocemente.
A autora teve, por isso, ainda menina, aos seis anos, de ir para Lisboa viver com familiares e mais tarde foi para a Bélgica. Regressou e trabalhou numa multinacional, ali estando durante 20 anos. Acabou, à segunda tentativa, por se fixar em Braga, onde tem uma irmã, Maria, e vários primos direitos.
A obra, com caráter autobiográfico, tem 141 páginas. Nela se podem ler poemas como um, chamado “Palavras” que aqui transcrevemos parcialmente: “Brota de mim uma fonte, uma enxurrada de letras, Construo uma ponte, onde me acolho. Nesse dilúvio pesco, palavras com sentimento, transporto-as no meu íntimo, desaguam no meu leito”.
O bisavô Cottinelli
Na área da prosa, conta uma estória antiga que se prende com as raízes da família e que diz muito a outros familiares bracarenses… a do italiano Júlio Luís Cottinelli, neto do músico António Cottinelli que foi contratado em 1815 para profissional da Real Câmara de Lisboa.
E o drama é este: um dia, os pais de Júlio, era este adolescente, deram-lhe uma quantia em dinheiro para que o depositasse num banco. O que não fez, indo para Évora, numa de aventura a gozar a maquia da família, com um amigo, de seu nome João José Rodrigues. Só que, este, entretanto, faleceu, o que levou o Júlio a engendrar um esquema de mudança de identidade: declarou a sua própria morte e assumiu o nome do amigo, passando a ser João.
Anos mais tarde, rumou ao Minho, tendo casado na freguesia da Ermida, no Gerês e ficou na zona de Braga. É este – diz a Rosa – o seu bisavó, Rodrigues de apelido, mas Cottinelli, de ascendência transalpina.
A segunda secção do livro, a de “Retalhos da vida” é, de resto, prenhe de histórias de vida, da infância à idade adulta e dos personagens humanos que a povoaram.
Na última página, e em “agradecimento”, escreve: “A escrita deste livro foi uma jornada pessoal e íntima, na qual me permiti abrir o meu coração, e partilhar partes da minha vida, das minhas emoções e reflexões mais profundas. Foi um processo de autodescoberta e crescimento”.
E anota, ainda, na contracapa: “Tudo na minha vida foi adquirido com muito amor. Vivo rodeada de alegria e sonho em resplendor”.