Braga: Restauração da Sé fatura 500 mil com Noite Branca mas moradores dizem que é “martírio”

Associação empresarial defende bares, moradores aplaudem a Junta
Foto: CM Braga

A Associação Empresarial de Braga (AEB) calcula que os bares e restaurantes da rua Gauldim Pais, na Sé, e ruas adjacentes, irão faturar 500 mil euros com as festas próprias que organizam na Noite Branca, verba de que precisam para pagar salários, despesas e impostos, nomeadamente o próximo subsídio de Natal.

“A realização da ‘Festa em Branco’ na Rua D. Paio Mendes, que envolve a cooperação de oito estabelecimentos – ‘Sé La Vie’, ‘Dona Petisca’, ‘Pátio da Sé’, ‘Rossio’, ‘Mal-Amado’, ‘Barra 46’, ‘Estúdio 22’ e ‘Prego na Sé’ – tem, historicamente, um impacto absolutamente extraordinário não só na rua em referência como em todo o Quarteirão da Sé”, diz o organismo empresarial a propósito da providência cautelar interposta pela União de Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade.

Conforme O MINHO hoje noticiou, o Tribunal Administrativo rejeitou, hoje, o pedido de proibição de som na Noite Branca em algumas zonas da Sé pedida, em providência cautelar, pela União de Freguesias, com o argumento de que impedem o sossego noturno dos moradores.

A Câmara, através do advogado Nuno Albuquerque, havia rejeitado a providência cautelar.

A AEB diz, ainda, que, “após auscultação alargada aos empresários de estabelecimentos de restauração e bebidas localizados na Rua D. Paio Mendes, bem como em todo o Quarteirão da Sé, acerca do impacto económico provocado pela realização desta Festa nas edições passadas, e com base na evolução da procura, a AEB estima, com elevado grau de fiabilidade, que a edição deste ano da Festa em Branco tenha um impacto económico de cerca de 500 mil euros ao longo das duas noites, o que representa um adicional de faturação de cerca de 20 vezes face a um fim de semana de normal funcionamento”.

300 mil em jantares e bebidas

Sublinha que “o valor apurado é obtido pela soma da faturação prevista naqueles estabelecimentos promotores de Festa – estimada em 200 mil euros -, e a faturação prevista nos estabelecimentos de restauração e bebidas sedeados nas ruas adjacentes que, por via da afluência de milhares de pessoas à Festa na Rua D. Paio Mendes, são contagiados positivamente na venda de jantares, refeições ligeiras e bebidas na ordem dos 300 mil euros ao longo do fim de semana”.

O organismo salienta que este adicional de faturação provocado pela Festa em Branco “é absolutamente fundamental para a sustentabilidade financeira da maior parte destes estabelecimentos, sendo consensual entre todos os empresários auscultados que este encaixe financeiro é crucial para fazer face à elevada sazonalidade a que os seus negócios estão sujeitos, de importância vital para a manutenção de dezenas de postos de trabalho ao longo dos meses de outono e inverno”.

Ainda de acordo com a AEB, “os empresários beneficiados por esta Festa revelam ainda que é este encaixe que permite assegurar a tesouraria necessária para o cumprimento do pagamento de salários, subsídios de férias e as contribuições para a segurança social e as finanças nos meses de setembro e outubro”.

Por fim, sublinha que “esta Festa é realizada desde a 1.ª edição da Noite Branca, não tendo qualquer histórico de incidentes de insegurança ou de incumprimento de quaisquer obrigações legais e de funcionamento, sendo, aliás, amplamente elogiada pelos bracarenses que ali, ano após ano, vivem a festa da Noite Branca e celebram os valores da cultura e da amizade”.

Moradores falam em “martírio”

Posição contrária tem a Associação de Moradores Poder Viver na Sé (APVS) que “aplaudiu a intervenção da União de Freguesias de Braga (Maximinos, Sé e Cividade) em prol da comunidade”.

“Esta providência cautelar relativa à colocação de DJs junto a prédios de habitação e nas proximidades da Catedral é um passo importante na defesa do bem-estar dos moradores que enfrentam diariamente o martírio causado pelo excesso de ruído”, diz o organismo em comunicado.

A APVS sublinha que “as Juntas de Freguesia têm o dever de proteger os seus fregueses, e essa atuação demonstra um compromisso com os direitos de todos nós. Sabemos que as atividades económicas são essenciais para o dinamismo da nossa freguesia, mas não podem, em hipótese alguma, prevalecer sobre o bem-estar dos habitantes”.

E salientam: “Infelizmente, na nossa freguesia da Sé, temos assistido à instalação de palcos e à realização de eventos com DJs e música ao vivo, sem qualquer autorização da Junta ou aviso às entidades competentes. Essas ações não trazem benefícios aos moradores, mas apenas àqueles que vêm de fora, deixando um rastro de perturbação e desrespeito. Uma verdadeira tristeza”.

A APVS reafirma, assim, o seu “apoio a todas as ações que salvaguardam a legalidade e o bem-estar dos moradores. Não queremos um centro histórico vazio, sem vida, mas também não queremos uma ‘Sé-Disneyland’, sem critério ou visão, onde os moradores são esquecidos e desrespeitados.

A concluir esclarece: “Não somos contra bares, cafés ou restaurantes. Desde a nossa criação, temos deixado claro que a nossa luta é contra o ruído excessivo que impede o descanso e deteriora a saúde dos moradores”.

 
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