Braga: Priscos desafiou milhares a repensar como acolhem quem busca por um novo começo

Inclusão dos migrantes e das minorias foi tema central
Foto: Hugo Delgado

A XVIII edição do Presépio ao Vivo de Priscos, realizada na freguesia de Priscos, Braga, trouxe este ano um tema de grande relevância social: a inclusão dos migrantes e das minorias. Num contexto europeu em que, segundo o padre João Torres, as tensões populistas crescem, o evento propôs uma reflexão profunda sobre o papel fundamental dos migrantes na sociedade portuguesa, desafiando os visitantes a repensar a forma como acolhem aqueles que chegam em busca de um novo começo.

A edição deste ano do Presépio ao Vivo superou, mais uma vez, todas as expectativas, afirmando-se como um evento de referência na celebração do Natal em Portugal e no norte de Espanha. O presépio foi um espetáculo marcante de realismo, história e emoção, que atraiu milhares de visitantes. Destacaram-se as visitas de grupos de catequese, grupos de jovens, escuteiros, bem como paróquias acompanhadas pelos seus agentes pastorais, que se organizaram para viver esta experiência única. Este ambiente de fé e partilha continua a unir comunidades, tornando o Presépio de Priscos num símbolo de esperança e celebração.

Este ano, a presença na inauguração de Diakanua e Zinga, refugiados do Congo, acrescentou uma dimensão ainda mais impactante ao evento.Há oito anos, o casal deixou o seu país natal, marcado pela instabilidade e violência, em busca de segurança para os seus filhos. Hoje, vivem em Braga com os quatro filhos e encontram no Natal um momento de tranquilidade e esperança. A sua presença no evento simbolizou a força e a resiliência de tantas famílias migrantes, reforçando a mensagem central do Presépio: acolher, incluir e construir um futuro de paz e união.

O Presépio ao Vivo de Priscos é muito mais do que uma simples celebração natalícia – é um encontro inesquecível de tradição, fé e emoção que reúne milhares de visitantes anualmente. Este evento transforma a freguesia de Priscos num autêntico cenário de paz, encanto e espiritualidade, transportando os visitantes numa viagem única ao tempo do nascimento de Jesus. Com ou sem fé, cada pessoa encontra neste presépio um espaço de acolhimento, reflexão e magia, que continua a inspirar e tocar os corações de todos os que por lá passam. O impacto positivo desta iniciativa reafirma o seu papel na preservação das tradições, na promoção da coesão social e no fortalecimento da comunidade local. O sucesso alcançado, aliado aos inúmeros elogios recebidos nas redes sociais, reflete o empenho e a dedicação de todos os envolvidos.

Há nove anos, reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga participam na construção e manutenção do Presépio ao Vivo de Priscos, em colaboração com a comunidade cristã. Esta parceria reflete o compromisso do evento com a inclusão social e a valorização da dignidade humana, promovendo a reintegração através do trabalho conjunto e da solidariedade.

Vários ex-reclusos que, ao longo dos anos, participaram na construção e manutenção do presépio retornam ao evento nesta época natalícia, agora acompanhados pelas suas famílias, como testemunho de recomeços bem-sucedidos. Para muitos, o trabalho no presépio representou um ponto de viragem nas suas vidas, permitindo-lhes desenvolver competências, restaurar sua autoestima e construir novas relações. Hoje, ao visitarem o presépio, partilham com orgulho as histórias de superação e gratidão pela oportunidade que receberam.

O Presépio ao Vivo de Priscos, não seria possível sem o empenho e dedicação dos 600 figurantes que dão vida a esta grandiosa celebração. Cada um deles, com entusiasmo e espírito de comunidade, transforma o evento num verdadeiro espetáculo de fé, tradição e inclusão, que encanta milhares de visitantes todos os anos. A organização expressa a sua profunda gratidão a todos os voluntários que tornam este sonho possível. São eles que, com cada papel desempenhado e cada detalhe cuidado, mantêm viva a magia do Natal e transmitem uma mensagem de esperança e união a todos os que nos visitam.

 
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