Braga: Presidentes de junta do PS ameaçam não se recandidatar em 2025

Criticam processo de escolha do candidato à Câmara
Foto: Rui Dias / O MINHO

Alguns dos nove presidentes socialistas de juntas de freguesias que, na última reunião da Comissão Política do PS/Braga, realizada a 03 de dezembro, leram um documento crítico sobre o modo como se processou a escolha de António Braga, como candidato à Câmara, “ponderam a hipótese de não participar no próximo processo eleitoral autárquico”.

O documento, lido na reunião pelo autarca de Gualtar, João Vieira, revela que oito presidentes estão “desapontados com a forma e contra o facto de nunca terem sido ouvidos, consultados ou achados nos diversos processos”.

O MINHO contactou João Vieira, que confirmou ter lido o documento mas não se quis pronunciar e fez o mesmo com o presidente da Secção Concelhia, Pedro Sousa, e com o candidato indigitado, António Braga. Estes dois não atenderam a chamada telefónica.

A carta entregue na reunião era subscrita, ainda, pelos presidentes das juntas de freguesia de Real, Mire de Tibães, Lomar, Nogueira, Lamas, Ferreiros e Adaúde.

Ao que O MINHO apurou, dias depois da reunião, António Braga reuniu-se com os autarcas das freguesias, tendo mostrado abertura para com eles dialogar numa ótica de de unir o partido para tentar conquistar a presidência da Câmara.

Apesar dessa postura, vários dos subscritores da carta, mantêm a mesma posição, dizendo que vão “esperar para ver” o que se segue.

Queriam sondagem de opinião

Os nove presidentes dizem que “foram colocados fora do processo, o que, num partido moderno e progressista , nunca deveria acontecer pela importância que temos em cada uma das freguesias”.

E acrescentam: “Devia ter havido, como nos foi prometido, uma sondagem de opinião, e a auscultação de todos os órgãos, fomentando a participação, envolvimento e comprometimento de todos com a decisão/escolha”.

Lembram que muitos dentre eles “participaram na feitura de uma lista única, de consenso, para as eleições para a Comissão Política Concelhia” e sublinham que “sempre defenderam a união e o consenso”.

“A atual Câmara Municipal, fruto do mau trabalho realizado e da contestação existente, está, como nunca esteve nos últimos anos, ao nosso alcance”, assinalam.

Autarcas, os que “dão a cara pelo partido”

Insistindo que se sentem “desconfortáveis” com o processo, os líderes das freguesias recordam que são eles “os verdadeiros representantes do PS no terreno e, ao mesmo tempo, os que todos os dias dão a cara pelo partido”.

Acentuam que “este grupo de Presidentes alertou, diversas vezes, para a importância da escolha do próximo candidato e da lista de candidatos”, tendo pedido que, “fosse tida em conta a sensibilidade dos muitos simpatizantes e militantes que integram as nossas listas autárquicas”.

E sublinham, ainda: “Lembramos que, em muitos casos, se trata de quadros importantes para o sucesso autárquico e significam votos que se podem perder nas freguesias”.

Os subscritores dizem “ter consciência de que é impossível encontrar consenso absoluto. No entanto, escolher um candidato sem qualquer consulta pública (interna ou na sociedade), sobretudo em sentido contrário aos compromissos assumidos, é uma má decisão”.

Salientam, nesse sentido, que é, também, “uma má decisão continuar a ignorar os atores políticos não-militantes do concelho, porque isso traria maior união, maior sentimento de pertença e mais força no combate político”.

E, concluindo, afirma: “O tempo não está esgotado e muito ainda pode ser feito para conquistarmos, unidos, o Município de Braga em 2025. Assim o queiramos!”.

 
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