Um número surpreendente de espanhóis visitaram o Presépio ao Vivo de Priscos, realizado na freguesia de Priscos em Braga, anunciou hoje a organização a propósito do encerramento da edição deste ano. ‘Nuestros hermanos’ visitaram sobretudo em grupo e procuraram restaurantes e alojamentos na cidade de Braga.
“O principal motivo da visita é que o nosso presépio ao vivo é único e diferente pelas suas características e apresenta-se como um autêntico museu vivo, uma bíblia aberta, para quem o visita. É também um presépio com uma enorme dimensão humanista e solidária, visto que, os donativos dados pelos visitantes são para ajudar reclusos a reconstruirem as suas vidas e não voltarem a provocar mais vítimas”, comunicou o mentor do projeto, padre João Torres.
Este ano, a XVI edição do Presépio ao vivo de Priscos, teve como tema a violência no namoro. Contou com a presença no dia da inauguração de Marta Nogueira, a “menina milagre”, que luta para reverter danos causados por duas balas na cabeça quando o ex-namorado quis matá-la em 2015.
Esteve patente uma exposição de cartazes sobre a temática da Prevenção da violência no namora cedida pelo Sindicato dos Professores da Grande Lisboa. Todos os visitantes foram convidados a refletirem sobre todas as formas de violência no namoro (física, psicológica, sexual, social, verbal) que têm por base uma relação de poder desigual entre parceiros e são usadas como estratégias de controlo.
Explica a organização que a ideia desta temática surgiu do exemplo de São José que diante das dúvidas da gravidez de Maria, não a agrediu, não a expõe às reações da comunidade com implicações provavelmente trágicas, mas teve a coragem de ser alternativo, dialogando, refletindo e tomado opções por um amor que protege e não agride.
Segundo o padre João Torres, pároco de Priscos, o Presépio ao Vivo de Priscos, recebeu pessoas de vários locais do país, grupos de escuteiros, centros de catequese e agentes de pastoral de várias dioceses de Portugal, mas de forma extraordinária o aumento de visitantes espanhóis, nomeadamente de toda a Galiza.
Para o arquiteto, que projeta as construções do presépio, Marco Ivan, “é muito gratificante ver o nosso trabalho reconhecido por milhares de portugueses e agora por espanhóis. Cada cenário foi pensado para ajudar as pessoas a viajarem no tempo e acho que quem nos visita sente isso”.
O abade de Priscos considerou que não é possível comparar com outras edições anteriores, face as condições atmosféricas que tiveram.
“60 por cento do tempo em que o projeto esteve a decorrer houve chuva e, normalmente, no fim de semana era quando chovia mais. Nos dias de sol tivemos muita gente. No entanto, muitos grupos organizados cancelaram a visita devido ao mau tempo. Apesar da quadra natalícia não ter corrido como o esperado mantemos o foco que o presépio ao Vivo de Priscos é um projeto estruturado e formatado. É uma marca de Braga e um evento de excelência da Igreja bracarense pelo que vamos continuar a melhorar para o ano – e pensar também na melhor forma de realizar animação entre figurantes e visitantes”, justificou.
O cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, que veio a Braga e visitou o presépio ao vivo de Priscos deixou registado no livro de memórias que “este presépio é verdadeiramente sinodal, porque implica processos colaborativos entre os paroquianos e expressa um modo de viver e de ser Igreja, que convida a sair da rotina, da apatia e da indiferença”.