A Plataforma Salvar a Fábrica Confiança comemora, este sábado, às 16:30, em Braga, na rua Nova de Santa Cruz, os 125 anos do edifício da Saboaria e Perfumaria Confiança. Há vários momentos de música, conversas, uma exposição e atividades para crianças.
A antiga fábrica, que foi expropriada pela Câmara Municipal de Braga em 2011, para a transformar num espaço cultural e cívico aberto aos cidadãos, continua vazia e sem qualquer uso, diz aquele organismo. E acrescenta: “É para reivindicar a abertura do edifício que as 21 associações que integram músicos, investigadores e ex-trabalhadores se juntaram numa celebração de acesso gratuito”.
A programação divide-se em vários eixos. Na música, a festa conta com a participação de Adelino Arantes (16:30), Toni Simões (18:40) e do grupo bracarense de reggae Shaka, que encerra as comemorações às 19h20.Na vertente histórica, está programada uma visita guiada ao edifício
(16:50), conduzida por Nuno Coelho, autor de uma tese de doutoramento que tem por base a Confiança, e por Luís Tarroso Gomes, membro da Plataforma. A Câmara ainda não respondeu, até esta quinta-feira, ao pedido de acesso ao edifício.
Às 17:15 há uma conversa com Nuno Coelho em torno da questão “Por que é tão importante conhecer a História da Confiança?” A seguir, uma intervenção dos descendentes dos fundadores da fábrica.
Os ex-trabalhadores estão convocados. Às 18:00 arranca uma conversa com antigos trabalhadores, que será conduzida por Luís António Santos. Serão recolhidos, em vídeo, depoimentos de ex-trabalhadores. Às 19h será a vez do bolo do 125.º aniversário.
Crianças
Entre as 16:30 e as 20:00 decorrem também duas atividades para crianças: “Posso pintar um bocadinho da Confiança?” e “Frascos, tecidos e tintas: vida nova para coisas velhas”, que são oportunidades para que os mais novos fiquem a conhecer a importância do edifício e que descubram novos usos a dar às embalagens. Serão também recolhidas propostas para o futuro da Confiança. Estará também patente uma exposição sobre o projeto Confiança – Centro Cultural e Cívico, que permitiria abrir o edifício ao público sem encargos para a autarquia.
Última fábrica do séc. XIX
A Confiança foi fundada em 12 de outubro de 1894, pela empresa Afonso & Almeida. Especializada no fabrico de sabão offenbach, apresentava, cerca de 1930, uma grande variedade de produtos de cosmética e 150 marcas de sabonetes.
Funcionou entre 1894 e 2005. Nos primeiros anos laborava numa oficina térrea que sofreu sucessivos acrescentos. Na década de 20 do século XX foi projetada a construção de um novo edifício que veio tomar o lugar de todos os prédios que a empresa possuía no local.
O projeto, de autoria de José da Costa Villaça, possibilitou a construção de um prédio cuja fachada seria construída virada a sul num comprimento superior a 70 metros. Este edifício, ainda existente, é popularmente designado por Fábrica Confiança. É o único que denota o processo de industrialização da cidade dos finais do século XIX e inícios do século XX que ainda se mantém de pé.
A produção mudou progressivamente para uma unidade fabril na Zona Industrial da Sobreposta , abandonando em definitivo o seu edifício histórico em 2005. Adquirida pela Ach. Brito em 2008.
Município vende
O edifício da antiga fábrica foi já classificado como “imóvel de interesse público” pelo Ministério da Cultura, revelou, em julho, na Assembleia Municipal, o presidente da Câmara, Ricardo Rio.
O autarca adiantou que a classificação permite a sua venda, em hasta pública, com o preço-base de 3,8 milhões, o que deve acontecer, antes do final do ano.
“O fim do processo classificativo permite-nos elaborar um caderno de encargos com regras claras para os interessados, e com as normas obrigatória sem matéria de preservação da traça e da estrutura”, disse, na ocasião, o autarca a O MINHO.
Nessa conversa, Rio abordou a recente exigência da Plataforma de transformação da Confiança num centro cívico e cultural, sublinhando que tal será feito pelo Município, mas noutro local, a Escola Francisco Sanches: “isso consta do programa eleitoral da coligação Juntos por Braga (PSD/CDS/PPM) e o anteprojeto está a ser elaborado”, revelou.
O Centro Cívico será criado com meios financeiros da Câmara visto que, tal como na Confiança, não há fundos comunitários para o efeito.A autarquia já tentou vender o imóvel por duas vezes em hasta pública, ambas travadas por providências cautelares que, no entanto, foram decididas a seu favor pelo Tribunal Administrativo de Braga.