Dois dos maiores grupos económicos de Braga, o Navarra e a DST, estão ser atingidos pela subida dos preços da eletricidade, do gás e dos combustíveis, a qual chega aos 400 por cento.
De facto, o Grupo Navarra, de Braga, da área dos alumínios, que tem cerca de 800 trabalhadores, enfrenta uma variação face a 2021 de 400% no caso da eletricidade, de 383% no gás natural e 30% no gasóleo. A par disto, enfrenta as subidas exponenciais do alumínio.
“Vivemos uma situação inédita, de guerra na Europa, que está a desencadear uma crise humanitária e uma instabilidade económica com consequências no plano global das indústrias e produção mundial”, disse, a O MINHO, a administradora Arminda Carmo Cunha.
Este conflito traz o maior desafio dos últimos anos, com grande impacto na indústria, afetando diretamente os custos energéticos, nomeadamente aqueles que mais necessitamos, que apresentam uma variação face a 2021 de cerca de 400% no caso da eletricidade, de 383% no gás natural e 30% no gasóleo. A par disto, assistimos a subidas constantes e exponenciais do preço do alumínio.
A CEO do Grupo Navarra salienta que,“este contexto, de grande instabilidade geopolítica e dos mercados, coloca em risco a atividade e sustentabilidade financeira de muitas indústrias”.
E acentua: “De acordo com a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), a fatura da energia representa entre 7,5% a 20% dos custos mensais das empresas, sendo, portanto, uma despesa significativa que pode impor o fim de algumas atividades industriais. Mas, este não é um cenário exclusivo dos grandes consumidores de energia, como a indústria, afetará todo o país, todas as empresas, todas as pessoas, resultando numa crise social e económica”.
Apoios concretos
Arminda Carmo Cunha acrescenta: “Neste contexto de crise, é urgente que o governo mobilize todos os recursos nacionais e europeus e que concentre toda a vontade política no apoio às empresas portuguesas. Precisamos de apoios concretos e diretos, apoios a Fundo Perdido, de modo a compensar o diferencial das cotações “estáveis” para as inflacionadas; queremos um sistema de fixação de preços de forma a inibir aumentos descontrolados. Consideramos que a criação de linhas de crédito, não é a solução. É um recurso no imediato, mas que implica o reembolso e o pagamento de juros, que poderá levar, a prazo, ao encerramento de muitas empresas”.
DST é resiliente
Já José Teixeira da DST, salienta que o grupo gasta 1,5 milhões de euros por mês em eletricidade, água e gasolinas, pelo que os aumentos são “brutais”: “o nosso fornecedor de eletricidade já denunciou o contrato porque não tem hipóteses de manter os preços”, sublinha, frisando que o mesmo sucede com o gás.
A isto há que acrescentar o brutal aumento de preços nas matérias-primas, o que obriga as empresas do grupo a ter de pedir aos clientes a revisão de preços acordados: “o aço está caríssimo e há pouco”, exemplifica.
Não obstante, o gestor diz que a DST não perdeu competitividade por que a situação “é igual para todos os operadores” e sublinha que a DST “é resiliente por ter optado, há muitos anos, por uma política de gestão de inovação, do conhecimento e da cultura”.
Já sobre as soluções para o problema e uma eventual intervenção do Governo, José Teixeira defende que “só com uma intervenção concertada ao nível da União Europeia será possível atenuar os efeitos desta crise”.
Peixoto Rodrigues sem aço
Há dias, a firma Peixoto Rodrigues, que tem, em Braga, um dos maiores armazéns do país, com produtos e matérias-primas para a construção civil, a hotelaria e muitas outras, enviou uma carta aos clientes, na qual diz que “no setor do aço, com o aumento dos custos energéticos a maioria das siderurgias está fora de mercado, o que tem provocado fortes constrangimentos na oferta de material”.
Por isso – acrescenta – e pela primeira vez na história da empresa, vê-se “forçada a declinar todos os pedidos de cotação e a não aceitar encomendas”.