O Ministério Público está a investigar uma eventual fuga de “Vidrinhos” para o estrangeiro, quando tem cerca de 17 anos de prisão para cumprir devido a crimes de burlas, admitindo-se que o arguido, natural de Braga, esteja na Alemanha ou no Brasil.
Esta segunda-feira uma procuradora da República pediu informações ao Ministério da Administração Interna e à AIMA (ex-SEF) sobre o país para onde “Vidrinhos” viajou e a juíza não alterou as medidas coativas, nem emitiu um mandado de detenção.
O homem de 43 anos, com a alcunha “Vidrinhos”, que residia em Esposende, foi notificado para se apresentar durante a tarde desta segunda-feira, no Palácio da Justiça de Braga, nem sequer compareceu, tendo sido representado pela sua advogada.
A advogada Ana Eduarda Gonçalves, com escritório Braga, defensora de “Vidrinhos”, referiu à juíza do mais recente processo ter conhecimento que o homem se encontra no Brasil, mas desmentindo que se encontre fugido.
“Vidrinhos” tem pelo menos três penas de prisão a cumprir, todas por burlas, sendo o seu caso mais conhecido o da clonagem de cartões, que em conluio com outros suspeitos terá rendido cerca de 200 mil euros, dinheiro que foi transferido para o Brasil.
MP alertado pelo Tribunal de Família
“Vidrinhos”, que vivia ao longo dos últimos anos no centro de Esposende, pediu ao Tribunal de Família e Menores de Barcelos autorização para se ausentar para o estrangeiro, com uma sua filha, de dois anos de idade, o que já levantou suspeitas.
“Vidrinhos”, no requerimento ao juiz, dizia ter recebido uma “proposta irrecusável” para trabalhar na Alemanha, com ordenado mensal líquido de 8.500 euros, pedindo autorização para levar a filha consigo, mas que deveria entregar à mãe já em dezembro.
O juiz do Tribunal de Família e Menores de Barcelos, reconhecendo logo o nome de “Vidrinhos”, não só indeferiu o requerimento, apresentado pelo seu advogado naquele processo, Sérgio Laranjeira, de Barcelos, como alertou o MP de Braga.
Entretanto, em Braga, uma magistrada do Ministério Público, Albertina Santos, solicitou à juíza do último processo criminal, envolvendo “Vidrinhos”, que chamasse o arguido para o interrogar, a fim de eventualmente alterar as medidas de coação.
A magistrada do MP alegou durante a tarde desta segunda-feira, no Palácio da Justiça de Braga, haver “sérios riscos” de tudo se resumir a uma “fuga” de “Vidrinhos” para o Brasil e recear-se assim que afinal já não regresse voluntariamente para Portugal.
Em causa estão três penas de prisão efetiva, a mais recente de seis anos e dez meses no processo do “phishing”, cometido em Braga e em Famalicão, mas tem mais duas penas, uma de cinco anos de prisão e a outra de quatro anos e oito meses de prisão.
Para já, a juíza Sónia Martins, do Juízo 4 da Instância Central Criminal de Braga, aceitou ouvir “Vidrinhos”, através de uma videoconferência, que se encontrará no Brasil desde o mês de agosto, para onde terá partido em férias, mas não regressou mais.
“Vidrinhos” terá alegado que uma súbita doença da sogra, no Brasil, onde mais ninguém poderá dar assistência à mãe da sua esposa, mulher de nacionalidade brasileira, que por sua vez está em Portugal, tendo justificado assim o atraso no regresso.