Mateus Marley Machado, suspeito de ter esfaqueado até à morte “Manu”, jovem de 19 anos, à porta do Bar Académico, em Braga, estava prestes a ser expulso de Portugal, devido a uma condenação anterior nos Estados Unidos da América (EUA).
Segundo o Jornal de Notícias, que avança a informação, o alegado homicida tinha sido condenado a uma pena de dois anos e três meses de prisão efetiva nos EUA por integrar um grupo de assaltantes à mão armada.
De acordo com a mesma fonte, Mateus Marley Machado foi condenado há cerca de quatro anos, tendo sido deportado após cumprir a sua pena de prisão efetiva.
Veio para Portugal no verão de 2023 e aguardava autorização de permanência e de residência no nosso país.
Ainda segundo o Jornal de Notícias, que cita fontes policiais, estava a residir em Portugal ao abrigo do regime de manifestação de interesse.
O pedido de autorização de permanência e de residência no nosso país tinha já um projeto de indeferimento pela parte da Agência para Integração, Migrações e Asilo (AIMA), a entidade que sucedeu ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
O prazo legal para pronúncia do requerente terminou na terça-feira e, como não se pronunciou, ia ser dada a ordem de expulsão ao cidadão brasileiro – ou seja, três dias após a morte de “Manu”.
De acordo com aquele diário, o parecer negativo da AIMA tinha por base um procedimento cautelar, que sucede quando há certezas ou fortes indícios de que o imigrante foi condenado no estrangeiro, por um crime que, em Portugal, é punido com uma pena igual ou superior a um ano de cadeia.
Apanhado em Castelo Branco
O suspeito foi encontrado numa zona remota do distrito de Castelo Branco.
O agora detido é suspeito de ter assassinado, com várias facadas, Manuel de Oliveira Gonçalves, conhecido como “Manu”, aluno do 12.º ano da Escola Secundária Dona Maria II, em Braga, que foi ontem a sepultar.
Em comunicado, a PJ adiantou que Mateus Marley está indiciado pela prática de um crime de homicídio qualificado, com utilização de arma branca.
“Por motivos ainda não totalmente esclarecidos, elementos de dois grupos distintos foram expulsos do estabelecimento comercial após uma discussão verbal. Depois, já no exterior do bar, voltaram a envolver-se em confrontos, desta vez com agressões físicas, tendo o suspeito, utilizando uma faca, golpeado a vítima, um jovem de 19 anos, na zona torácica e membro superior direito, lesão que veio revelar-se fatal, apesar do socorro de emergência”, pode ler-se no comunicado.
Desde então, a PJ de Braga realizou “diligências ininterruptas” que permitiram “identificar, localizar e deter o agressor, que já se encontrava em fuga, refugiado numa zona isolada do interior do país e a preparar-se para fugir para o estrangeiro”.
O detido vai ser presente, no sábado de manhã, ao Tribunal de Turno, no Palácio da Justiça de Vila Nova de Famalicão, para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coação.
Bar atacado e encerrado
Após o homicídio, o Bar Académico foi alvo de um incêndio por fogo posto na tarde de domingo e um ataque com ‘cocktails molotov’ na madrugada de quarta-feira.
A UMinho acrescenta que o encerramento foi hoje decidido, depois de uma reunião entre o reitor da universidade, o presidente da Associação Académica e a PSP e de uma visita ao local.
“O encerramento do Bar Académico não é definitivo, mas manter-se-á até que seja repensado um modelo de funcionamento que esteja alinhado com os princípios e valores da Associação Académica e da própria universidade”, refere o comunicado.
Uma das condições para a eventual reabertura é que o acesso seja limitado a membros da comunidade académica, garantindo que os espaços da academia sejam frequentados por aqueles que dela fazem parte.
“Além disso, é fundamental que todas as condições de segurança sejam respeitadas, conforme as orientações da PSP, Proteção Civil, Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica e outras entidades competentes”, acrescenta.
Sublinha que o encerramento temporário visa garantir a segurança e o bem-estar de toda a comunidade académica, assim como da comunidade local.
O edifício do bar é propriedade da Universidade do Minho e foi cedido à Associação Académica.
No entanto, a associação concessionou a exploração a um empresário.