Braga: GNR suspeito de “apertar o pescoço” à companheira

Foto: JOAQUIM GOMES / O MINHO

Um guarda do Posto da GNR do Sameiro, em Braga, está a ser investigado pelo DIAP do Ministério Público de Braga, por a sua companheira se queixar de crimes de violência doméstica, num dos casos, por alegadamente lhe ter “apertado o pescoço”.

Manuel A., com 40 anos, guarda de infantaria, divorciado, foi alvo de queixa criminal, apresentada pela sua segunda companheira, no Posto da GNR de Braga, instituição que por sua vez remeteu o processo para o Ministério Público.

O Comando-Geral da GNR, através da Divisão de Comunicação e Relações Públicas, confirmou a existência de uma denúncia, nesse sentido, visando o militar em questão, não fazendo a GNR mais algum comentário.

“A Guarda Nacional Republicana registou uma denúncia sobre a situação exposta e os factos foram comunicados ao Ministério Público de Braga, ao qual deve dirigir as suas questões”, referiu a porta-voz da GNR, major Mafalda Gomes de Almeida.

O MINHO tentou através do mesmo órgão superior da GNR, sediado em Lisboa, obter, direta ou indiretamente, a versão do visado na queixa crime, o guarda da GNR do Sameiro, só que a GNR, ao mais alto nível, entendeu não o dever fazer.

“Por se tratar de um processo crime que diz respeito ao militar em causa, não se afigura possível atender à sua solicitação”, de acordo com a citada oficial superior da GNR.

Entretanto, o Gabinete de Imprensa da Procuradoria-Geral da República, órgão de cúpula do Ministério Público, igualmente tem reporte da situação, informando que o caso está no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do MP de Braga.

Posto do Sameiro tem de atuar em diversas situações de violência doméstica

O suspeito, alvo da queixa criminal sob investigação do Ministério Público, está colocado no Posto Territorial da GNR do Sameiro, que por ironias do destino, tem um elevado caso de crimes de violência doméstica.

Não só crimes de violência doméstica entre marido e mulher, como de pais a filhos, o caso mais conhecido o de Cristiano (“Branquinho”), que tentou matar os pais, ateando um incêndio na casa da família, em São Mamede de Este, freguesia de Braga onde estão sinalizados mais casos idênticos ao de “Branquinho”, de extorquir dinheiro aos pais, como outra situação grave na Rua da Bouça do Cabo, em São Mamede de Este.

Já tentou concorrer a sargento

O guarda em questão, tinha tentado concorrer ao curso de promoção a sargento, mas a hierarquia emitiu parecer contrário, através do então comandante em suplência, do Destacamento Territorial da GNR de Braga.

O capitão Noé Pinto, que na ocasião substituía a capitão Luísa Peixoto, a comandante do Destacamento Territorial da GNR de Braga, deu informação negativa e o guarda não foi sequer admitido ao curso de sargento, já muito antes desta queixa.

Segundo apurou O MINHO, a queixa apresentada pela segunda mulher do guarda causou algum mau estar dentro da GNR do Sameiro, pois agora o ambiente interno de tal quartel está pacificado, após queixas e contra-queixas internas.

Outros casos do Comando da GNR de Braga

Nos últimos tempos, têm sucedido conflitos e violência interna, na área do Destacamento Territorial da GNR de Braga, uns julgados e outros em julgamento, nos Postos do Sameiro, de Vila Verde e de Prado, só não havendo casos no Posto de Braga.

No Posto da GNR do Sameiro dezena e meia de guardas e cabos digladiaram-se, durante anos, contra o seu então comandante, tendo num outro caso sido absolvidos guardas por não se provar no julgamento que “avisariam” comerciantes sobre operações.

Ainda no Posto da GNR do Sameiro, um guarda que deveria estar em patrulhamento externo, foi apanhado, em flagrante delito, de pijama, dentro daquele quartel, pelo oficial de ronda ao Comando da GNR de Braga, mas foi absolvido, por falta de provas.

No Posto da GNR de Prado, um dos guardas foi agredido por um colega, que lhe rebentou os lábios, nas camaratas, sendo ele, no entanto, acusado pelos camaradas de armas de ser ele próprio o agressor, tendo sido absolvido, pelo Tribunal de Vila Verde.

Entretanto, esse mesmo guarda, absolvido em Vila Verde, vai ser julgado, pelo Tribunal Criminal de Braga, por alegadamente ter agredido o seu superior hierárquico direto, sargento-ajudante, à data seu comandante, no Posto Territorial da GNR de Prado.

O guarda seguiu o seu comandante até um ginásio, em Braga, deu-lhe um soco que atirou o sargento ao chão, situação gravada pelas câmaras, estando o vídeo já no processo.

Mais recentemente, um cabo do Destacamento Territorial da GNR de Braga foi detido e algemado pela PSP, por, alegadamente, na festa de um clube de futebol, em Braga, agredir agentes da PSP, mas o militar alega que estava a tentar apaziguar os ânimos.

Condenado e expulso da GNR por ameaçar magistrados

O caso mais grave ocorrido no Destacamento Territorial da GNR de Braga envolveu um à data guarda do Posto da GNR de Vila Verde, condenado por ameaças consecutivas contra três magistrados daquela comarca, entretanto expulso da corporação.

Carlos Lima ameaçou, direta e indiretamente, uma juíza, uma procuradora e um procurador, todos da Comarca de Vila Verde, por ter sido condenado, devido a desacatos com vizinhos, num dos quais até empunhou uma pistola de calibre de guerra.

O ex-guarda da GNR perseguia os magistrados à porta do Palácio da Justiça de Vila Verde e interrompia-os quando almoçavam num restaurante das imediações, insultando-os diretamente, com diversos impropérios, conforme se provou no seu julgamento.

Simultaneamente, nas redes sociais, prometia que iria infligir torturas, idênticas às praticadas durante a Guerra Colonial, à juíza que o condenou em Vila Verde, cortar-lhe a língua e partir-lhe os dentes no lancil de ferro da escadaria.

Após processo disciplinar na GNR, o novo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, não se demorou a expulsar da corporação o ex-guarda, condenado em Braga, a quatro anos e quatro meses de prisão, pena suspensa pelo mesmo período.

Casos arquivados e ‘cifras negras’

Sabe-se que muitos casos são arquivados, porque os cidadãos, vítimas e testemunhas, receiam depor com liberdade, temendo represálias, para além das “cifras negras”, isto é, da esmagadora maioria dos casos, em que as vítimas nem sequer se queixam.

 
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