Não está a venda, não vai ser demolido e será, até, alvo de uma requalificação para recuperar o traçado original. O Palácio Dona Chica, em Palmeira, no concelho de Braga, mantém-se fechado, apesar de ter sido comprado há quatro anos por novos investidores. Já receberam propostas “absurdas”, mas não o querem vender.
O MINHO contactou o presidente da Junta de Palmeira, César Gomes, para fazer o ponto de situação daquele que é, talvez, o mais enigmático monumento habitacional na região de Braga. Quem passa na Avenida do Cávado, em direção a Amares e Vila Verde, não consegue ficar indiferente à imponência do também chamado de castelo. E, quando foi construído, o objetivo seria mesmo esse – despertar atenção.
De acordo com o autarca, que não quis aprofundar muito o tema por se tratar de investimento privado, o processo para reabertura do Palácio está “muito demorado”, embora já exista uma licença da Direção de Cultura do Norte. “Mas são tantos pareceres que acho que, tão cedo, não vamos ter novidades”.
O MINHO sabe que os investidores têm uma ideia fixa para o projeto, mas o mesmo poderá não ser aprovado no ‘mar’ de burocracias em que navega. Caso isso se demonstre, terá de ser elaborada uma nova ideia para que o espaço volte a servir a população de Palmeira. Ou seja, o futuro será determinado em função do que for aprovado.
O MINHO sabe que a recuperação e reabertura do ‘casarão’ será um aspecto positivo para a freguesia, desde logo porque está apalavrada a contratação de pessoas de Palmeira para lá trabalharem. A freguesia considera o local como “um ícone”, e só o facto de o poderem visitar já será positivo.
O MINHO também sabe que “nada será para destruir”. E outra das coisas que está a provocar a demora “é um estudo do traço original do arquiteto Ernesto Korrodi”, para que volte a ser como na origem.
Muitos já o conhecem mas nem todos sabem a sua história. O palácio foi considerado pelo portal Civitatis como um dos dez locais abandonados mais impressionantes em todo o mundo, embora não esteja abandonado, pois foi recentemente alvo de várias obras de manutenção, não só no interior, mas também no espaço envolvente.
Esta plataforma, a maior em todo o globo em termos de organização de visitas guiadas e excursões, reuniu um guia com os dez locais mais incríveis do mundo que se encontrem em estado de (ou aparente) decadência. Por entre a lista, o palácio bracarense é o único monumento português.
Classificado como monumento de Interesse Nacional, o palácio foi mandado construir em 1915 por um nobre residente em Braga, para oferecer à sua noiva, Dona Francisca, uma prima que vivia no Brasil. O projeto é do conhecido arquiteto suíço Ernesto Korrodi, que construiu vários edifícios em Portugal no início do século passado.
Acabaram por casar mas nunca chegaram a habitar o palacete uma vez que o casamento findou passado poucos anos, antes que o monumento ficasse concluído e habitável. De lá para cá, foram inúmeras as peripécias burocráticas de compra e venda.
Pertenceu durante vários anos à Junta de Freguesia de Palmeira mas acabou por ser vendido a privados durante o período de Mesquita Machado à frente dos destinos da autarquia.
Além deste palácio, a publicação internacional destacou ainda outros nove locais de abandono extraordinariamente belos: Bannack (Montana, Estados Unidos), Belchite (Saragoça, Espanha), Castelo Bannerman (Nova Iorque, Estados Unidos), Salar de Uyuni (Bolívia), Elevador de Aguas de Gordejuela (Tenerife, Espanha), Farol Rubjerg Knude Fyr (Dinamarca), Fordlândia (Aveiro, Brasil), Granadilla (Cáceres, Espanha) e Kolmannskop (Namíbia).