Braga: Foi comprar droga mas acabou espancado

Caso “Rolex”
Foto: Joaquim Gomes / O MINHO / Arquivo

O Ministério Público pediu a condenação de quatro arguidos que foram julgados no Tribunal de Braga por terem sequestrado em 2023 um jovem numa zona perto do campus da Universidade do Minho.

Já a defesa pediu, genericamente, que a eventual condenação inclua a suspensão da execução da pena, dada a juventude dos arguidos. Já o advogado João Ferreira Araújo, que defende um deles, pediu a aplicação do diploma legal que diminui as penas num terço quando o arguido tem menos de 21 anos à data dos factos.

O coletivo de juízes vai, agora, ler o acórdão final.

Conforme o O MINHO noticiou, a vítima confirmou em julgamento que o grupo o meteu à força dentro de um carro – onde foi espancado – tentando obrigá-lo a entregar um relógio Rolex e as peças de ouro que tinha em casa.

Foi comprar um “taco”

O jovem, de nome Diogo, contou, na segunda audiência do julgamento, que, em fevereiro de 2023, acompanhado de um prima, foi, junto aos bares da UMinho, em Braga, adquirir um “taco” de droga a Diogo Fabiano M., de 18 anos, de Braga, por dez euros, tendo este dito que não tinha, mas pedindo-lhe o número de telefone para a fornecer a seguir.

Prosseguiu dizendo que, e tal como consta da acusação, que os quatro, “conhecedores, pelas redes sociais, de que tinha um “Rolex” e peças em ouro, decidiu apoderar-se deles”. Implicou-os a todos, mas concedeu que o Diogo Fabiano teve pouca participação nos factos subsequentes.

Disse que esse arguido transmitiu o propósito criminal aos outros, pelo que, outro arguido Dinis S., de 20 anos, de Barcelos, no dia seguinte, às 00:35, telefonou-lhe, dizendo que estava no McDonald’s, num BMW. A vítima, foi lá, com a prima, e entrou na viatura, tendo ela ficado cá fora.

Lá dentro, entregou-lhes os 10 euros para o haxixe. Entretanto, um dos arguidos saiu, ordenou à prima que se ausentasse, e voltou a entrar, de forma a que o ofendido ficasse ao meio, sem acesso às portas.

Aceitaram o dinheiro, mas não lhe entregaram o ‘haxe’ e conduziram, até ao Picoto.

Socos e pontapés

No percurso, perguntaram-lhe insistentemente pela coleção de relógios, mas dando-lhe socos e pontapés porquanto não respondia. No local, revistaram-no, subtraindo-lhe 270 euros. A seguir, dirigiram-se à freguesia de Nogueira, exigindo os relógios e esmurrando-o no rosto e no corpo.

Já debilitado, acabou por dizer que tinha um “Rolex” em casa. Aí, o Dinis Miguel puxou o tronco da vítima para fora do carro, ficando este com as pernas no interior, e um outro, com uma navalha, cortou-lhe parte do cabelo enquanto um terceiro lhe agarrou o pescoço, executando o denominado “mata-leão”. A seguir, o Boguinha pegou numa orelha e encostou-lhe um objeto cortante, tendo os restantes impedido que a cortasse.

Aí, suplicou que parassem de lhe bater, altura em que lhe disseram que matariam a sua irmã, de 4 anos, se não lhes desse o relógio, ao que acedeu. Levaram-no a casa, na Avenida Imaculada Conceição e estacionaram junto à BP, dizendo: “tens um minuto para dares o relógio, senão entramos na tua casa e matamos a tua irmã à tua frente”.

O ofendido, receoso, correu a casa onde, aos gritos, instou a mãe, para que lhe entregasse o relógio. Aquela foi à janela verificar a presença do veículo, e aí, os arguidos, apercebendo-se disso, e de um veículo da PSP na zona, fugiram.

Agressor deseja-lhe melhoras

Nesse mesmo dia, pelas 09:16 horas, a vítima recebeu uma mensagem na rede social “Instagram” remetida pelo arguido Diogo Fabiano com o seguinte teor: “desculpa rei as melhoras pah ti a pah tua mãe, irmão fica bem”.

 
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