Motivado por ciúmes, espancou a namorada quase até à morte durante um convívio na praia de Adaúfe, em Braga. Colocou-lhe terra e erva seca na boca para a sufocar. A mulher só não morreu porque fingiu-se de morta. Em prisão preventiva na cadeia de Braga desde setembro do ano passado, quando foi cometido o crime, Amândio V. foi agora acusado pelo Ministério Públcio (MP) de homicídio qualificado na forma tentada e começa a ser julgado em maio no Tribunal de Braga.
O arguido, 33 anos, empresário, de nacionalidade cabo-verdiana, tinha começado a relação de namoro com a vítima cerca de um mês antes e, de acordo com a acusação, passou a ter um comportamento possessivo e ciumento, exigindo que a mulher, de 43 anos, fosse submissa e lhe obedecesse, principalmente à frente dos seus amigos.
No dia 04 de setembro de 2021, o casal deslocou-se à praia fluvial de Adaúfe, em Braga, onde, em conjunto com outros amigos, celebravam o aniversário de um deles, planeando ficarem ali acampados.
Ao início da noite, compareceu na festa um amigo da mulher, convidado por ela própria e com o conhecimento do namorado.
Já por volta das duas da madrugada do dia 05, o amigo da vítima foi à casa de banho, a cerca de 300 metros de onde decorria a festa. E pela mesma altura a vítima também se deslocou à casa de banho acompanhada pelo arguido, que ficou no exterior a conversar com outros amigos.
Entretanto, a vítima e o amigo ficaram a conversar nas traseiras do quarto de banho e, poucos minutos depois, foram surpreendidos por Amândio V., que ficou desagradado com a situação.
De acordo com a acusação, o amigo da vítima voltou para a festa e o casal ficou sozinho no local.
Movido por ciúmes, o arguido começou a esmurar a mulher e a bater-lhe com a cabeça no chão.
Como ela tentou gritar várias vezes, Amândio V. encheu-lhe a boca com terra e erva seca. Depois fechou-lhe, à força, a boca.
Enquanto a agredia violentamente, afirmava, repetidamente, “vou-te matar”.
Além dos socos e cotoveladas, colocou-lhe um joelho na cabeça, momento em que a vítima começou a sufocar.
Nessa altura, fingiu-se de morta, não se mexendo e permanecendo com os olhos fechados.
O arguido parou então com as agressões. Abanou-a e pisou-lhe o rosto por duas vezes, para confirmar se estava morta. Ela não reagiu.
O MP considera que Amândio V. só deixou de agredir a namorada quando pensou que ela tinha morrido.
E, assim, regressou para o local do convívio e, agarrando o referido amigo da namorada pelas costas, disse-lhe: “Vai lá ver o que fiz com ela”. A frase foi ouvida por todos os presentes que, de imediato, foram socorrer a mulher, encontrando-a prostrada no chão com vários ferimentos graves.
Detido pela Polícia Judiciária, ficou em prisão preventiva, permanecendo na cadeia de Braga.