António Falé de Carvalho, o advogado penalista que defende o suspeito, Mateus Marley Machado, esclareceu a Imprensa dos aspetos novos relacionados com o caso do homicídio do jovem estudante Manuel de Oliveira Gonçalves (“Manu”), de 19 anos.
Falando no Palácio da Justiça de Famalicão, e conforme já noticiado esta tarde por O MINHO, o causídico afirmou que quem levou a faca para a cena do crime foi a vítima do homicídio: “É o que consta do processo, que a faca não era do agressor, de quem depois matou o jovem, mas da própria vítima”.
O advogado diz “ter tomado conhecimento pelo processo, que só esta manhã foi possível consultar, que a faca era da vítima do homicídio e há várias testemunhas que já confirmaram isso à Polícia Judiciária”.
“Ficou a saber-se, pelo processo, ter havido um grupo de sete agressores, que atingiram a vítima mortal, só que a faca não era de nenhum elemento do grupo agressor, as testemunhas referem todas, claramente, que a faca era da vítima”, disse o advogado.
A defesa de Marley recorrerá agora da prisão preventiva à Relação de Guimarães, “até porque para esta prisão preventiva se fundamentaram no perigo de fuga, mas ele nunca quis fugir, se quisesse fugir, fugia, teve o tempo todo para fugir e não fugiu”.
“Associado ao crime por causa das redes sociais”
António Falé de Carvalho afirmou “terem começado a associar o nome do meu cliente, Marley, nas redes sociais, como tendo sido o autor do crime, através do Instagram, do Tik Tok e do Facebook, o que contribuiu para a detenção do meu constituinte”.
Acerca de os incidentes terem começado por alguém ter colocado alguma substância na bebida de uma jovem, Falé de Carvalho alega que “Marley não estava nesse grupo onde isso aconteceu, onde tentaram colocar algo na bebida, não foi nada com ele”.
“A bebida da miúda, que deu grande zaragata, no Bar Académico, foi às duas horas da manhã, enquanto o crime foi só pelas cinco e meio da manhã, portanto, há aqui um grande hiato de tempo, de cerca de três horas e meia”, defendeu.
“Viu os confrontos mas passou ao lado”
O advogado afirmou que o suspeito agora detido preventivamente “viu os confrontos, passou ao lado, entrou no carro e quando se deu o crime, já ia a passar, mas seguiu o seu destino sempre dentro do automóvel”.
“O meu cliente ainda agora confirmou ter sido isso mesmo”, sublinhou.
“O Marley prestou declarações, explicou tudo aquilo que se passou, face às investigações da PJ, onde os frames das imagens de vídeovigilância do Bar Académico de Braga demonstram que o meu cliente está inocente”, considerou o mesmo advogado.
As testemunhas “tinham fumado erva”
Sobre haver testemunhas que reconheceram o seu cliente como tendo sido o autor das facadas que mataram o estudante, Falé de Carvalho disse que “as pessoas estavam ébrias e tinham fumado ‘erva’, pelo que isso também terá de se esclarecer melhor”.
Ainda segundo o defensor de Mateus Marley Machado, “ao contrário do que se disse, o meu cliente não pertencia a nenhum dos grupos em confronto, nem era muito conhecido ali, era a segunda vez que o Marley tinha ido ao Bar Académico”.
Falé de Carvalho, destacando “tratar-se de um crime muito grave”, disse que na sua experiência de quase 40 anos de advocacia penal, “nunca” pensou “que este homicídio causasse um alarido social enorme em Braga”.
“Não tenho memória de um caso assim”, conclui.