A construtora DST, de Braga, desenvolveu uma gama de betão estrutural e de betão ecológico feito à base de resíduos de construção e demolição e de subprodutos da indústria siderúrgica, que irá reduzir, “drasticamente”, a utilização de recursos naturais e de produtos energeticamente intensivos nas suas construções do futuro, foi hoje anunciado.
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Em comunicado, a empresa refere que a tecnologia industrial para a criação desta gama de betão estrutural e betão betuminoso foi desenvolvida no âmbito do CirMat (CIRcular aggregates for sustainable road and building MATerials), projeto que resulta da parceria da DST com o Instituto Superior Técnico, a Universidade do Minho e a Norwegian University of Science and Technology.
“É importante recordar que betão é o segundo bem mais consumido no mundo a seguir à água, e, portanto, se considerarmos que cerca de 80% dos materiais constituintes do betão são agregados e areias e no caso das misturas betuminosas estes materiais representam cerca de 90% do seu peso, o ganho económico e ambiental por via da redução do consumo de materiais naturais é muito substancial”, assegura Mafalda Rodrigues, responsável do projeto, citada no comunicado.
Mudança de paradigma
Segundo a responsável, a DST está apta a produzir estes materiais, no entanto, a sua utilização estará sempre dependente da aceitação por parte dos donos de obra e/ou projetistas.
“É essencial haver uma mudança de paradigma na forma como são aceites estes novos produtos que privilegiam os princípios da economia circular. Outro ponto fundamental, é haver uma cooperação entre diferentes entidades/organizações para atualização de normas, especificações e cadernos de encargos que contemplem a sua utilização”, conclui Mafalda Rodrigues.
Para testar os produtos, a DST e os parceiros criaram construções piloto onde se aplicaram os betões betuminosos com características de desgaste e de ligação, o primeiro com incorporação de mais de 60% de agregados reciclados de betão e o segundo com mais de 60% de subprodutos da indústria siderúrgica em substituição de agregados naturais.
Para o betão estrutural, executaram-se dois protótipos: um com incorporação de 30% de agregados reciclados de betão e o outro com incorporação de mais de 50% de subprodutos da indústria siderúrgica.
Este projeto permitiu criar sete declarações ambientais de produto, que se encontram em fase de validação pelas entidades nacionais competentes para o efeito e, serão as primeiras no país para este tipo de produtos.
Projeto iniciou-se em 2020
Estas declarações ambientais de produto constituem uma ferramenta voluntária de comunicação relativa ao desempenho ambiental do produto ao longo do seu ciclo de vida e permitem a realização de comparações de resultados relativos ao desempenho ambiental entre produtos com funções ou aplicações similares.
O CirMat é um projeto financiado em 85% pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu – EEA Grants, no âmbito do programa EEA Grants Ambiente, no valor aproximado de 500 mil euros.
Recorde-se que o projeto CirMat iniciou-se em setembro de 2020 e encontra-se agora na sua fase final, com os resultados a serem conhecidos muito em breve na NTNU, na Noruega, e apresentados em 05 de maio na DST, em Braga.
O CirMat foi, nos últimos três anos, referenciado pelos EEA Grants no âmbito do tema “Towards a more circular construction sector in Portugal” e “How the EEA and Norway Grants contribute to the EU Green Deal”.