Dezenas de eventos em “regime SCUT” marcam a programação do Braga 2020 – Capital da Cultura do Eixo Atlântico, que arranca no sábado com um concerto conjunto do bracarense Daniel Pereira Cristo e da orquestra galega SonDeSeu, foi hoje anunciado.
“Os eventos são sem custos para o utilizador (SCUT)”, referiu o secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoan Mao, para sublinhar que o público não paga.
Xoan Mao disse que o objetivo da “Capital” passa pela promoção do “consumo” de cultura, mas também pelo fomento da produção cultural.
“O que se pretende é que seja uma espécie de bolsa de contratação, uma feira em que se venda a produção cultural do Norte de Portugal e da Galiza”, referiu.
Música, poesia, dança, pintura, festivais, folclore, cinema, seminário e ilustração são algumas das áreas presentes na programação da Braga 2020.
A programação delineada para este ano inclui eventos “de referência” do município de Braga e um conjunto de novas iniciativas, que contam com a colaboração de agentes culturais dos municípios do Norte de Portugal e da Galiza.
“Esperamos contribuir para a consolidação e difusão da cultura do Noroeste Peninsular, conscientes de que esta oportunidade será uma ponte importante para a construção da candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura em 2027”, sustentou o presidente da Câmara de Braga.
Ricardo Rio deu ainda conta da aposta do município na afirmação da cultura como “setor fundamental” para o desenvolvimento do concelho.
Segundo o autarca, a “Capital” vai significar um acréscimo de 400 mil euros no investimento que a Câmara de Braga faz com a sua programação cultural habitual.
Já a vereadora da Cultura, Lídia Dias, destacou que, como Capital da Cultura do Eixo, Braga vai “sair um pouco da sua área de conforto” em termos de programação cultural, com incursões, designadamente, no jazz, na arte pública e na arte urbana.
No sábado, além do concerto de Daniel Pereira Cristo e SonDeSeu, será também inaugurada a exposição “Instrumentos Musicais Populares do Noroeste Peninsular”, com curadoria de Napoleão Ribeiro.
Esta é uma mostra integrada no VI Convergências Portugal/Galiza, uma semana cultural que também levará ao Theatro Circo, em Braga, no dia 23 de fevereiro, um espetáculo de Tributo a Zeca Afonso, com a participação da Orquestra Filarmónica de Braga, Canto D’Aqui, Coro de Pais do Conservatório Calouste Gulbenkian e Orfeão de Barcelos.
Janita Solomé e a cantora galega Uxía são os artistas convidados.
Ainda em fevereiro, o Espaço Vita acolherá um concerto com Amâncio Prada, cantautor e um dos maiores divulgadores da lírica galega, enquanto que, em março, o destaque vai para a poesia, com recitais, documentários, apresentações de livros, tertúlias, teatro e animação de rua.
Abril será o mês dedicado à dança, com o “B de Dança”, em que participarão companhias profissionais e bailarinos residentes no Norte de Portugal e Galiza.
Entre abril e setembro, o município irá promover um conjunto de visitas a sítios arqueológicos representativos da ocupação, evolução e formação dos traços culturais que caracterizam o território do Noroeste Peninsular.
Este ciclo “À Descoberta das Origens – Viagens no Tempo” irá decorrer em Braga, Guimarães, Lugo, Marco de Canaveses, Gerês e Ourense.
Em maio, a Capital da Cultura oferece um conjunto de concertos, conferências e visitas integradas no Festival de Órgão, um evento que contribuí para a recuperação de órgãos de tubos de grande valor histórico e artístico.
Junho ficará marcado pelo “Festival Música d’Ponte”, que procura estabelecer pontes entre a música erudita e outros mundos musicais, e pelo “Fenda”, festival que combina a música moderna e a arte contemporânea com a história e tradição das origens romanas de Braga.
Em julho, a programação será preenchida pelo Mimarte – Festival de Teatro de Braga, pela Feira do Livro, Festival Castro Galaico, pelo “Jazz no Eixo” e pelo Festival Internacional de Folclore.
O mês de agosto terá como principal foco a sétima arte, com o “Cinema a Gosto de Verão”, que dará destaque a diferentes propostas do cinema português e galego.
Em setembro, realiza-se a primeira edição do “Braga Young Virtuosi”, uma competição internacional de violino promovida pelo Município de Braga e pela Sinfonietta de Braga, e o I Concurso Ibérico de Cravo, que fará uma homenagem à música ibérica.
O Noroeste – Festival de Música Contemporânea de Raiz abre a programação de outubro, mês que ficará também marcado pela estreia do Festival Informal de Ópera, organizado pela Associação Musical Sinfonietta de Braga.
Com o “Braga em Risco”, a realizar em novembro, chega também o Prémio Capital da Cultura do Eixo Atlântico, que tem como objetivo reconhecer e incentivar o trabalho de artistas residentes no Noroeste Peninsular no domínio da ilustração.
A programação da VI Capital da Cultura do Eixo Atlântico termina em janeiro de 2021 com a Bienal de Pintura do Eixo Atlântico, iniciativa que estimula a criação artística possibilitando o intercâmbio cultural e o conhecimento de artistas.
A autarquia irá criar, na antiga escola Francisco Sanches, um espaço cultural permanente onde serão expostas as obras galardoadas pela Bienal do Eixo Atlântico ao longo das sucessivas edições.
Criado em 1992, o Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular é uma associação transfronteiriça que integra os 36 principais municípios da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal.