Braga com 13,5 milhões para se afirmar como “capital de cultura”

Mariza é um dos confirmados no âmbito da Capital Portuguesa da Cultura 2025
Foto: DR / Arquivo

A Braga 25-Capital Portuguesa da Cultura arranca a 25 de janeiro com iniciativas espalhadas por todo o concelho e um concerto da fadista Mariza. E, ao longo do ano, desenvolverá atividades em torno de 18 projetos.

O presidente do Município, Ricardo Rio disse esta manhã, na apresentação do evento, que o seu orçamento será de 13,5 milhões de euros, e trará a Braga artistas como a pinaista Maria João Pires – que nunca atuou na cidade -, o encenador do Teatro de Avignos, Tiago Rodrigues, a dupla Meg Stuart e Francisco Camacho, eainda, Kim Gordon, Manuel Bouzas e Allison Orr.

Na conferência de imprensa, que decorreu numa sala do Convento de São Francisco – cujas obras de requalificação são inauguradas este sábado – , salientou que a Braga25 tem um programa de continuidade que vem da Estratégia Cultural 20/30 do Município e do trabalho preparatório da candidatura a Capital Europeia da Cultura e que envolve os agentes culturais da cidade e a comunidade bracarense.

Recuperação do Património

Tem, ainda, a suportá-lo o trabalho autárquico de recuperação do Património construído, concretizado na abertura do Convento, do Centro Cultural Francisco Sanches, da requalificação e musealização da Ínsula romana das Carvalheiras, da futura requalificação do Museu da Imagem e da Casa dos Crivos, bem como de ações em parceria com a UMinho como as das ruínas romanas da Travessa de Santo António, do Castro da Santa Marta das Cortiças e do Teatro romano de Maximinos.

“Braga abre a porta ao mundo da arte e da cultura, assumindo o título de Capital Portuguesa da Cultura. A cidade celebra a criação artística nacional, em ligação com a Europa, convocando a comunidade e os agentes culturais locais, numa mobilização artística ímpar na sua história”, salienta a organização.

A apreseneação da programação da Braga 25 Capital Portuguesa da Cultura contou, ainda, com a presença da administradora da empresa municipal Faz Cultura, Joana Meneses Fernandes, bem como de representantes do programa artístico da Braga 25, partilhado pelo Município e a Empresa Municipal.

Resulta da colaboração entre o Município de Braga e a Faz Cultura – Empresa Municipal de Cultura de Braga. Muitos dos 18 projetos em torno dos quais se estrutura o programa do evento resultam, ainda, da reforçada programação dos principais espaços culturais da cidade, Theatro Circo e gnration, bem como as diferentes iniciativas promovidas e apoiadas pelo Município de Braga ao longo do ano.

Várias estreias

O eixo da criação artística nacional presente na programação de 2025 é composto por estreias de artistas na cidade como a pianista Maria João Pires, apresentações únicas como a que fará a fadista Mariza, de festivais que ligam o quadrilátero cultural (Braga, Barcelos, Guimarães e Vila Nova de Famalicão) tais como o Square e o Extremo, e novas criações de artistas maiores da cultura em Portugal como os encenadores Tiago Rodrigues e Marco Martins.

Paulo Mendes assina a curadoria de Somos Todos Capitães – 50 anos em Liberdade, uma grande exposição transdisciplinar sobre os 50 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974. A Companhia Nacional de Bailado e a Orquestra do Algarve fazem também parte do programa.

No domínio da criação artística internacional, a Braga 25 convida um leque de artistas e criadores para intervenções em espaços urbanos da cidade como é o caso do arquiteto espanhol Manuel Bouzas (curador da representação espanhola na próxima Bienal de Arquitetura de Veneza), bem como a estreia nacional do espetáculo do coletivo Bang on Can All Stars. Há espaço ainda para colaborações entre artistas nacionais e internacionais nas áreas do cinema e da música como Daniel Blaufuks e Matthew Herbert e na dança com a dupla Francisco Camacho e Meg Stuart, bem como uma exposição antológica de Kim Gordon.

Projetos de comunidade

Por último, a Capital Portuguesa da Cultura assenta em projetos de comunidade, impulsionando a interação entre artistas internacionais, locais e nacionais, que formam a espinha dorsal de um programa rico em colaborações como as que cruzam o património musical da região e a contemporânea, juntando o Grupo de Cantares de Mulheres do Minho ao Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga; a criação literária com o escritor Ondjaki e jovens da comunidade; uma coreógrafa internacional a um coletivo de trabalhadores municipais – no caso, Allison Orr e os trabalhadores da recolha de resíduos da Agere; ou uma encomenda a Filipa Francisco, que trabalhará com grupos de folclore bracarenses.

“Capital de cultura” a nível nacional, europeu e mundial

Na conferência de imprensa, o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, destacou que o objetivo é continuar a afirmar a cidade como “uma capital de cultura” a nível nacional, europeu e mundial.

O autarca sublinhou que a aposta passa pelo envolvimento da comunidade, levando a cultura a todos as freguesias do concelho, em muitos casos ao abrigo de iniciativas já promovidas regularmente pelo município.

“Não vamos reinventar as nossas atividades todas, mas vamos, obviamente, aproveitar alguns recursos adicionais para fazermos coisas novas”, referiu, numa referência às diferentes iniciativas regularmente promovidas e apoiadas pelo município e ao reforço previsto da programação dos principais espaços culturais da cidade, Theatro Circo e gnration, como se lê no dossier da Braga25.

“Para nós, a Capital Portuguesa da Cultura (CPC) não é um ato isolado ou um momento, mas sim um contínuo de um processo de muitos anos”, sublinhou o autarca.

Ricardo Rio deu conta da aposta do executivo que lidera em assumir a cultura como “um elemento certificador do desenvolvimento” do concelho e “catalisador de várias áreas de promoção da qualidade de vida”.

Decorrente da designação como CPC, Braga receberá cerca de dois milhões de euros de financiamento público, mas a programação vai implicar um investimento total de 13,5 milhões de euros, também comparticipado pelos cofres do município e por outros patrocinadores.

A administradora da empresa municipal Faz Cultura, Joana Meneses Fernandes, adiantou que um terço dos projetos a apresentar na CPC foram repescados da candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, uma corrida que Braga perdeu a favor de Évora.

Segundo Joana Meneses Fernandes, a CPC 2025 mobiliza cerca de 170 parceiros locais, 50 nacionais e 40 internacionais.

Das 1.300 candidaturas apresentadas para cinco projetos diferentes, foram selecionadas 40.

Braga foi, conjuntamente com Aveiro, Ponta Delgada e Évora, finalista na candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, corrida que acabou por ser ganha pela última daquelas cidades.

Para “compensar” as cidades que ficaram pelo caminho, o Governo criou a figura de Capital Portuguesa da Cultura, que este ano cabe a Aveiro, em 2025 a Braga e, em 2026 a Ponta Delgada.

Com Lusa

 
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