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A associação Braga Ciclável criticou o Município por causa do projeto ´Braga Cycling Network Optimization (BCNO), que foi aprovado para financiamento pela FIA – Federation Internationale de l’Automobile dizendo” não reconhecer no ACP (Automóvel Club de Portugal) e na FIA competências para analisar a rede ciclável do concelho”.
Em resposta, a vereadora que tutela os equipamentos, Olga Pereira, disse a O MINHO que fica “triste” com a postura da Braga Ciclável e sublinha que, “a proposta, desenvolvida em colaboração com a empresa Factual, através da tecnologia ´Lane Patrol´, visa requalificar a rede ciclável da cidade com base em evidência técnica, percursos reais dos utilizadores e metodologias inovadoras de avaliação de risco”.
Em comunicado, a associação havia classificado como “incompreensível que o Município não chame à análise da rede os membros com conhecimento na área da mobilidade em bicicleta do Conselho Consultivo para a Mobilidade de Braga, nem as entidades nacionais com conhecimento na área”. E garante estar “disponível para reunir, avaliar e melhorar a rede ciclável”.
Nele afirma, ainda, que o ACP – Automóvel Clube de Portugal, associação nacional dedicada ao setor automóvel, e a FIA – Federation Internationale de l’Automobile, são duas entidades de renome no sector do automóvel, mas sem qualquer tipo de competência ou sensibilidade para a mobilidade ativa”.
E acrescenta: “O ACP e a FIA têm, aliás, tido posições públicas contrárias à promoção do uso da bicicleta, muitas vezes refutadas pelas entidades nacionais dedicadas ao setor da mobilidade pedonal e em bicicleta, como a FPCUB – Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta e a MUBi – Associação Pela Mobilidade Urbana em Bicicleta”.
A concluir, refere que se “pode até dizer que há um claro conflito de interesses em ter o ACP e a FIA a analisarem a rede ciclável. Quando o Município coloca entidades como o Automóvel Clube de Portugal e a Federação Internacional de Automóvel a analisar a sua “rede ciclável”, é como pôr a raposa na capoeira dizendo que é para proteger as galinhas”, refere a Braga Ciclável.
Analisar riscos das infraestruturas cicláveis e viárias
Confrontada com as críticas, Olga Pereira sublinha que, a proposta, financiada no âmbito do programa ´FIA Safe and Sustainable Mobility Grants 2025, e que foi desenvolvida em colaboração com a empresa Factual, através da tecnologia ´Lane Patrol´, visa requalificar a rede ciclável da cidade com base em evidência técnica, percursos reais dos utilizadores e metodologias inovadoras de avaliação de risco”.
“Esta aprovação é um sinal claro de confiança no trabalho que Braga tem vindo a desenvolver na área da mobilidade sustentável. Representa também um estímulo para continuarmos a apostar numa cidade mais amiga das pessoas. A rede ciclável tem um papel essencial na nossa estratégia de mobilidade, e este projeto ajudará a consolidá-la com base em evidência técnica e contributo direto dos utilizadores”, garante.
Sublinha que o projeto “surge como uma resposta concreta às necessidades identificadas no terreno e dá continuidade ao trabalho iniciado com os projetos europeus Bicification e Reactivity, onde milhares de trajetos realizados em bicicleta foram registados e analisados. O BCNO pretende transformar essa informação em ação, corrigindo falhas de ligação, melhorando a segurança e tornando a rede ciclável mais atrativa e coerente”.
E acentua: “Com início previsto para julho e execução até junho de 2026, esta distinção reconhece o mérito de um consórcio que alia a visão política estratégica do Município sobre mobilidade urbana sustentável – e a sua articulação com os instrumentos de planeamento em vigor – à experiência e capacidade técnica do ACP na promoção da segurança e sustentabilidade na mobilidade.”
Olga Pereira anota, ainda, que o projeto “surge como uma resposta concreta às necessidades identificadas no terreno e dá continuidade ao trabalho iniciado com os projetos europeus Bicification e Reactivity, onde milhares de trajetos realizados em bicicleta foram registados e analisados. O BCNO pretende transformar essa informação em ação, corrigindo falhas de ligação, melhorando a segurança e tornando a rede ciclável mais atrativa e coerente”.
Classificar rede de acordo com o risco
Acentua que, “uma das ferramentas centrais do projeto será a aplicação da metodologia ´CycleRAP´, que permite avaliar de forma rápida, acessível e sem necessidade de dados de sinistralidade os riscos associados às infraestruturas cicláveis e viárias.
O ´CycleRAP´ identifica os pontos de maior vulnerabilidade para ciclistas e utilizadores de mobilidade suave com base em fatores como o traçado da via, a velocidade do tráfego, as condições do piso, a existência (ou ausência) de separação física entre modos e a presença de interseções complexas.
No caso de Braga, a sua utilização permitirá classificar cada segmento da rede ciclável de acordo com o seu nível de risco, auxiliando na definição de prioridades de intervenção. Esta abordagem objetiva e baseada em critérios técnicos será essencial para tornar a rede mais segura e eficiente, especialmente em zonas onde há maior volume de utilizadores e coexistência entre diferentes modos de transporte.
Este projeto reafirma o compromisso de Braga e do ACP com a construção de soluções de mobilidade seguras, sustentáveis e centradas nas pessoas. A cooperação entre uma entidade local, com forte capacidade de implementação territorial, e uma entidade nacional com reconhecida competência técnica traduz-se numa proposta sólida, inovadora e perfeitamente alinhada com os objetivos estratégicos europeus para a mobilidade ativa.
“É difícil” colaborar com a Braga Ciclável
E, prosseguindo, diz, ainda, a vereadora. “Não me posso dizer surpreendida com as declarações da Braga Ciclável por se tratar apenas mais uma evidência da forma como olham o mundo.
Entristece-nos, mas infelizmente não podemos dizer que seja uma deceção, esperando que seja apenas um equívoco”.
Na verdade, o projeto ´Braga Cycling Network Optimization (BCNO) “vai permitir aplicar as metodologias Lane Patrol e CycleRap para fazer a avaliação da rede ciclável com base em evidência técnica, percursos reais dos utilizadores e metodologias inovadoras de avaliação de risco. Estas metodologias são reconhecidas pela European Cycle Federation (ECF)”.
Ambas as tecnologias foram exibidas em stand na Conferencia Velo- City (2025), na cidade de Gdansk, organizada pela referida federação.
O CycleRAP recebeu o Prémio de Segurança Rodoviária da Federação Europeia de Ciclistas (ECF) de 2025, na mesma conferência.
Não percebe a Braga Ciclável
E contra-ataca: “Não se percebe o motivo pelo qual a Braga Ciclável não subscreve metodologias reconhecidas pela ECF.O facto do Município realizar a iniciativa com o financiamento do ACP e da FIA não devia ser um motivo de preocupação. O importante não devia ser com quem o Município vai colaborar, o importante devia ser o que vai fazer e como vai fazer”.
E diz, ainda: “Recusamos uma mundividência de uns contra outros. Na mobilidade ativa, o Município tem conseguido estabelecer boas colaborações com outras entidades ligadas à bicicleta. Exemplos disso são o projeto Ciclo Expresso que realizamos em colaboração com a BiciCultura”.
E a terminar, afirma: “Infelizmente é muito difícil colaborar com a Braga Ciclável e eu lamento profundamente essa situação. E nem se podem queixar de terem as portas fechadas, pois mesmo quando não nos procuram temos sido nós a abrir a porta como no exemplo do «Kidical Mass». Sei que estamos num ano especial, sei que nos anos eleitorais a espuma dos dias se sobrepõe, muitas vezes, ao que é efetivamente importante, mas enquanto responsável autárquica vou continuar a trabalhar por aquilo que é realmente importante. E no caso, vamos continuar melhorar a rede ciclável”.