Cristiano Antunes Ferreira, aliás, o “Branquinho” começará a ser julgado esta sexta-feira de manhã, no Tribunal de Grande Instância Criminal de Braga, por assaltos à mão armada, a uma mulher e em duas estações de serviço de abastecimento de combustíveis, tendo um longo cadastro, desde participar num roubo com assassínio da vítima na Póvoa de Lanhoso, até tentar matar os pais, num incêndio que ateou enquanto ambos dormiam, em Braga.
O cadastrado, de 39 anos de idade, integrou o quarteto que assassinou, com dois tiros na cabeça, durante a noite da Passagem de Ano, de 2004 para 2005, na Póvoa da Lanhoso, uma figura típica daquela vila, Domingos Fernandes de Matos (“Mingoto”), da localidade de Eiras, na freguesia de Garfe, na Póvoa de Lanhoso, só para roubar-lhe cinco mil euros.
Condenado a 14 anos e meio de prisão, regressou a casa dos pais, que tentaria matar, com um incêndio, que ateou à cama onde dormiam, na freguesia de São Mamede de Este, em Braga, porque ambos deixaram de dar-lhe dinheiro para comprar droga, “Branquinho” foi absolvido neste último caso, porque não se provou a intenção de assassinar a mãe e o pai, além do mais porque ambos desde logo “perdoaram” esse ato do filho, toxicodependente.
A partir daí, novamente em liberdade, no espaço de um mês, entre julho e agosto de 2020, Cristiano “Branquinho” roubou o dinheiro e outros pertences a uma mulher a quem tinha combinado vender um telemóvel, através de um anúncio nas redes sociais, mas foi detido pela GNR do Sameiro, após o que, estando ainda em liberdade, sempre sob a ameaça de arma branca, assaltou duas estações de abastecimento de combustíveis, ambas em Braga, roubando cerca de 400 euros numa e 100 euros na outra, acabando detido, pela Esquadra de Investigação Criminal da PSP de Braga, ficando já desde então preso preventivamente.
Mais concretamente, “Branquinho”, ao final da tarde de 22 de julho de 2020, combinou o negócio da venda de um telemóvel, através do OLX, a uma mulher, que acompanhada do filho, acabou por ser assaltada, com a ameaça de uma pistola, tendo-lhe sido roubados 80 euros e um telemóvel, encostando-lhe a arma de fogo à barriga, dizendo, com tom de ameaça: “isto é um assalto, dá cá o dinheiro”, após o que se colocou em fuga, até que com colaboração de um homem que por ali passava, perto da Igreja de São Pedro de Este, foi detido pela GNR do Sameiro, ficando então em liberdade, com apresentações periódicas.
Passadas três semanas, dirigiu-se à BP da Avenida Padre Júlia Fragata, nas imediações do centro comercial Braga Parque, ameaçando a funcionária, ao dizer: “acabei de sair da cadeia, estou por tudo”, após o que roubou mais de 400 euros, causando prejuízos de dois mil euros, devido ao estroncamento de uma porta daquela estação de serviço bracarense.
Logo na semana seguinte, foi de bicicleta, até à GALP da Avenida João XXI, em frente ao chamado Viaduto das Piscinas, apontando uma navalha, tal como fizera na BP, tendo roubado 100 euros, depois de ameaçar: “dá-me o dinheiro, não te quero fazer mal, mas dá-me o dinheiro”, após o que fugiu de bicicleta, tendo sido gravado na câmara da GALP.
“Especial apetência para o crime”
O Ministério Público considera que este arguido, Cristiano Antunes Ferreira “revela uma especial apetência para o crime e indiferença pela vida e integridade física”, nem sequer, segundo o MP, com a liberdade condicional e as sucessivas oportunidades judiciais, pois “voltou a delinquir”, sucessivamente, “estando claramente desenquadrado das regras de vivência em sociedade e ainda não interiorizando o valor das condutas por si praticadas”.