O autor confesso do homicídio do Fujacal, em Braga, Luís Teixeira (“Max”), que vitimou um jovem de 24 anos, ilibou o seu coarguido, Diogo Azevedo (“Esticado”).
“Terei a pagar o que fiz, mas não é justo ele pagar pelo que não fez”, afirmou, na tarde desta quinta-feira, no fim do julgamento que decorreu no Palácio da Justiça de Braga.
Luís Teixeira (“Max”) falava a segunda vez sobre o julgamento do crime cometido na madrugada de 05 de outubro de 2021 foi assassinado, com dois disparos à queima-roupa, Carlos Galiano (“Pena”), na sequência de divergências relacionadas com um processo de tráfico de droga, em que Luís “Max” e a vítima (“Pena”) estavam de relações cortadas já após terem sido amigos.
Na audiência desta tarde, Luís Miguel Teixeira confirmou que a quebra de relacionamento entre ambos sucedeu quando “Max” refere ter tomado conhecimento ser “chibado” no anterior processo judicial, por tráfico de droga de menor gravidade, que foi julgado a partir de uma investigação da GNR da Póvoa de Lanhoso de casos principalmente em Braga, Amares e Vila Verde.
Nas alegações finais, o Ministério Público pediu condenação de ambos os arguidos, mas sem quantificar as suas penas, tendo a advogada da família pedido a pena máxima de 25 anos de prisão, enquanto o defensor de Luís Teixeira (“Max”) solicitou a sua condenação, mas por homicídio simples e não agravado, com o advogado de Diogo Azevedo (“Esticado”) a pedir absolvição pura e simples.
Luís Miguel Teixeira e Diogo Miguel Azevedo aguardam pelo acórdão, marcado para a semana, ambos em prisão preventiva, tendo ficado marcadas todas as suas sessões por fortes medidas de segurança, dentro e fora do Palácio da Justiça de Braga, em Santa Tecla, a cargo do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional (GISP), que escoltaram os arguidos à sala de audiências.
As audiências prolongaram-se por o Tribunal Coletivo de Braga entender que Luís Teixeira (“Max”) é o autor dos disparos, mas que Diogo Azevedo (“Esticado”), ao contrário da acusação do Ministério não foi coautor do crime, mas tão só cúmplice do arguido principal, “Max”, o que em caso de eventual condenação representará a pena muito mais reduzida para “Esticado”.
Arguido queria que a PJ visse as suas SMS
O principal arguido reiterou que “nunca” teve “intenção de matar” Carlos Galiano, negando ter ameaçado a vítima ou prometido vingança, “tal como as mensagens então trocadas por telemóvel o confirmavam, o que agora só não é possível provar”.
“O inspetor Francisco, da PJ de Braga, não quis analisar o meu telemóvel, que eu lhe tinha dado, entregando-o ao meu advogado”, acrescentou.
Luís Miguel Teixeira, confrontado com um despacho dos três juízes com alterações não substanciais dos factos quanto aos que eram descritos na acusação do Ministério Público, falou de novo durante a tarde desta quinta-feira, tendo “ilibado” o seu amigo e coarguido, Diogo Miguel Azevedo, explicando que “ele não teve a nada ver com a situação dos disparos e da morte”.
“Eu só disparei os dois tiros quando vi o Carlos [Galiano] a saltar do patamar da esplanada do café e a vir em direção a mim, estava já a uns dois ou três metros, depois de vir ter corrido aí uns dez metros, ele é que veio atrás de mim, não fui eu que a ir atrás dele”, disse “Max” sobre as circunstâncias do crime.
Luís Miguel Teixeira afirmou ainda que “o Carlos não era pessoa de levar desaforos para casa”, quando questionado sobre as contendas físicas, poucas horas antes, entre Carlos Galiano e Diogo Azevedo, no Bairro do Fujacal, argumentando depois que “o problema foi só entre eles”. “O Diogo até me desvalorizou o caso, mas eu fiquei no meio de uma confusão que não era minha”, explicou.
O principal arguido diz que queria “mudar de vida”, acrescentando que “estava noivo”, tendo negado igualmente qualquer intenção de tirar a vida ao seu antigo amigo, Carlos Galiano, até porque, na versão agora reforçada perante os juízes, não se apercebeu “antes ter a pistola no casaco”.
“Nunca me tendo passado pela cabeça matar o Carlos ou alguém”, salientou.
Luís Teixeira referiu que “só andava com a arma quando vinha de férias a Portugal”. Sentia-se dessa forma “mais sossegado”, pois tinha sido “ameaçado pela malta das Enguardas [grupo rival com que então se andavam a digladiar]” e quando se dirigiu “nessa noite ao Fujacal foi para estar com os amigos, nunca com o Carlos”, que “não era” seu amigo e morava em Amares, não no Fujacal.
“Eu nunca me quis vingar do Carlos [Galiano], nunca me passou isso pela cabeça, nem nunca o disse a ninguém, muito menos no Facebook ou Instagram, só lamento não ter essas e todas as mensagens de telemóvel, porque foi para isso que eu quando me entreguei à Polícia Judiciária de Braga, dei o telemóvel ao inspetor Francisco, mas ele entregou-o logo ao meu advogado”, referiu.
Na senda das declarações de “Max”, a sua defesa alega ter sido cometido um homicídio, mas “circunstancial e não intencional”, num quadro de “circunstâncias incontornáveis”, pedindo assim que a pena a aplicar a Luís Miguel Teixeira seja por um crime de homicídio simples e não qualificado, cujas molduras penais são respetivamente de 08 a 16 anos e de 12 a 25 anos de prisão.