Uma turma de antigos alunos da Escola Primária de Maximinos, em Braga, e respetiva professora reencontraram-se este sábado, 30 anos depois de terem concluído a 4.ª classe. Uma iniciativa “rara ou possivelmente nunca vista em todo o país”, avaliaram.
Entre 1985 e 1989, com a professora Armanda, aprenderam a ler, a escrever e a fazer contas. Foram a turma do turno da manhã da Sala 1 daquela escola.
Volvidas três décadas, a docente não conseguiu conter por várias vezes a emoção durante o almoço perante os antigos alunos que um dia foram meninos, e hoje são homens e mulheres feitas.
“É uma sensação de alegria, de muita felicidade e de enorme gratidão a todos estes meus alunos. Fizeram-me muito mais feliz e ter realmente a certeza de que valeu a pena ser professora”, disse a professora Armanda, a poucos dias de completar 80 anos, a O MINHO. “É muito bom ver que para todos eles a escola primária foi muito importante”.
Liliana Oliveira, hoje engenheira civil, foi uma das organizadoras deste almoço convívio que se realizou num restaurante em pleno centro da cidade. “É muito emocionante, o reviver de bons momentos e de boa disposição. Aliás, sempre que penso na professora Armanda, salta-me à memória a boa disposição dela e a capacidade que teve de ensinar-nos brincando”, recordou a antiga aluna.
“Transmitiu-nos sempre a ideia de que aprender é bom. É crescer”, prosseguiu Liliana Oliveira realçando que, mesmo após terem concluído o ensino primário, a professora Armanda manteve-se sempre presente no percurso dos alunos. “Ela saiu de cena mas nunca saiu do espetáculo. Transmitiu-nos valores que ficaram para a vida”.
“Ainda temos dentro de nós a mesma criança que éramos”
Trocaram-se abraços, sorrisos e muitos beijinhos. Recordaram-se muitas histórias e foram imensas gargalhadas à mesa.
“A professora Armanda continua a ser um grande exemplo para todos nós. Todos temos usado no nosso dia a dia lições aprendidas com ela”, contou a O MINHO Luís Pedro Gomes, hoje programador informático, outro dos organizadores do convívio.
Em jeito de confissão, Luís Pedro Gomes admitiu que o processo mais difícil neste evento foi encontrar os antigos colegas de turma. Um processo que implicou ‘varrer’ o Facebook várias vezes e ligar a muita gente que poderia saber do paradeiro de cada um.
“Acho que não mudamos assim tanto”, disse com uma gargalhada. “Ainda temos todos dentro de nós a mesma criança que éramos há 30 anos”.
Médicos, engenheiros, psicólogos e… jornalista
Ontem eram pequeninos. Hoje há médicos, engenheiros, psicólogos e até treinadores desportivos. Mas desta turma saiu também um jornalista.
“Foi com a professora Armanda que aprendi as letras do alfabeto. A ler bem. A compor textos. Foi ela que me mostrou que a língua portuguesa é algo simplesmente maravilhoso”, disse Miguel Rocha, hoje jornalista na Rádio Vale do Minho.
“A professora Armanda foi sempre um autêntico Sol e todos nós continuamos a ser planetas a girar ao redor dela. Cada um na sua vida mas sempre a praticar os ensinamentos que nos foram dados por uma enorme profissional do ensino”, acrescentou.
Foi a turma do diretor-clínico do Sporting
Esta foi também a turma de João Pedro Araújo, diretor-clínico do Sporting CP, que não pôde estar presente devido a uma deslocação ao estrangeiro por motivos profissionais.
Mas as tecnologias de hoje resolveram o problema quase na totalidade. Através de videochamada, saudou a professora e todos os antigos colegas.
“O João Pedro era um aluno muito completo. Muito sensível e atento. Era muito cordial com todos os colegas”, recordou a professora Armanda. “Estava sempre disposto a dar o melhor de si. Era mesmo um amigo de verdade”.
Armanda Araújo iniciou-se como docente em 1957. Aposentou-se em meados dos anos 90. Foi na Escola Primária de Maximinos que fez a maior parte da sua carreira.
“Foi uma professora de excelência. Esteve, seguramente, entre os melhores profissionais do ensino do seu tempo”, garantiram os antigos estudantes em unanimidade.