Braga acabou de pagar 90 milhões de empréstimos para construir o Estádio Municipal

Foto: DR / Arquivo

O município de Braga concluiu, em setembro, o pagamento de empréstimos bancários de 90 milhões de euros feitos em 2002 para financiar a construção do novo estádio municipal e da infraestruturação do Parque Norte anexo. Mas falta ainda pagar 6,1 milhões de dois empréstimos contraídos para liquidar encargos de duas decisões judiciais. O estádio – recorde-se – foi edificado, ao tempo da gestão de Mesquita Machado, para integrar o Euro 2004, tendo sido inaugurado em dezembro de 2003.

O mapa contabilístico a que O MINHO teve acesso, indica que os 90 milhões custaram, nos dez anos de mandato de Ricardo Rio, 1,1 milhões em juros. Quanto tomou posse, o executivo PSD/CDS assumiu uma dívida bancária de 47, 7 milhões, a que se juntaram 13,8 milhões de três sentenças administrativas (pagamento de honorários ao arquiteto Souto Moura e ao consórcio de construtoras ASSOC, liderado pela Soares da Costa, por “trabalhos a mais”). Ao todo, em média, a Câmara pagou anualmente 5,6 milhões de encargos, 56, 7 no total.

Faltam 6,1 milhões até 2027

A verba de 6,1 milhões que falta liquidar respeita a 2,8 milhões a Souto Moura – com empréstimo até 2025 – e 3,3 milhões à ASSOC, até 2027.

Questionado sobre o custo total da obra, Ricardo Rio disse que ronda os 190 milhões, já que aos cerca de 107 milhões pagos à banca – incluindo os juros antes de 2014 -, acresce o custo dos terrenos, dos acessos e das infraestruturas, bem como o pagamento pelo orçamento municipal de partes da empreitada, e o custo de arranjos e estudos sobre a situação de segurança das ancoragens da bancada poente.

“Por exemplo, uma parte da receita de 28 milhões da venda de 49 por cento da AGERE serviu para pagar obras”, disse.

Sobre a possível venda do estádio ao SC Braga, adiantou que já se reuniu com o presidente, António Salvador. “Não será por menos de 15 milhões”, disse. A verba obtida será aplicada na requalificação do estádio 1.º de Maio – com projetos feitos – e que está em degradação estrutural.

PS diz que é empolado

A O MINHO, o vereador do PS, Artur Feio, contestou o custo indicado pela Câmara dizendo que o estádio não custou mais de 150, 160 milhões, no máximo: “Ricardo Rio empola o custo para denegrir a gestão do PS”, acusa.

Sobre a possível venda ao clube bracarense, o socialista sublinha que, embora se trate da maior instituição da sociedade civil do concelho, defende que importa perceber qual o interesse público da operação e qual o seu valor real, não só em termos de investimento feito mas atendendo a que “é uma obra de arte”.

Diz, ainda, que para se chegar a um valor é preciso, também, ter em conta a depreciação da estrutura, algo normal em qualquer construção ao fim de 20 anos, e lembra que Ricardo Rio prometeu um referendo sobre o tema, que deixou cair. “Até agora ninguém foi ouvido sobre o assunto”, vincou, dizendo que o PS não tem uma posição definitiva sobre a venda, tudo dependerá das condições em que vier a ser feita.

Sobre a promessa de referendo, Ricardo Rio retorquiu que o equacionou porque, no anterior mandato, a venda não constava do programa eleitoral da Coligação Juntos por Braga, “o que já não sucede no atual mandato, visto que estava no programa sufragado pelos bracarenses”.

CDU votou contra

O MINHO contactou o vereador, Vítor Rodrigues, o qual lembrou que a CDU foi a única força política que votou contra a construção do novo estádio, por entender que era possível requalificar o 1.º de Maio, que está melhor situado em termos de acesso e com benefícios para o comércio e a restauração. E que serviria bem o Euro 2004.

Questionado sobre a possível venda do equipamento, Vítor Rodrigues disse que o assunto vai ser debatido pelo PCP no decorrer desta semana, no final da qual pode tomar uma posição pública “fundamentada”.

 
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