O litígio judicial em torno da compra dos terrenos pela Câmara para o parque ecomonumental das Sete Fontes, em Braga, vai continuar a ser julgado no Tribunal Judicial local. Isto, porque o Tribunal da Relação de Guimarães recusou, em despacho interlocutório a que o O MINHO teve acesso, o pedido do advogado da Câmara, Paulo Viana, para que o julgamento, em curso na Unidade Cível, se realize no Tribunal Administrativo, visto que envolve uma disputa entre privados, a família de apelido Sampaio e uma entidade pública, o Município.
Na ação, a família pede à Câmara local que exproprie os 1,8 hectares que possui na zona das Sete Fontes, por considerar que assume a forma jurídica de uma “expropriação de plano”, ou seja que resulta do PDM( Plano Diretor Municipal) em vigor. E não aceita a proposta de compra feita pela Autarquia.
Ao contrário, o Município defende que não há direito a expropriação, mas sim uma compra resultante do Plano de Urbanização para as Sete Fontes, e salienta que, a haver direito a expropriação, ela terá de ser dirimida no Administrativo, nos termos de um Regulamento específico em vigor: “o julgamento em Tribunal Cível é uma violação das competências próprias do Administrativo”, argumenta.
Os juízes da Relação deram, no entanto, razão à tese dos Sampaio, ou seja, concluíram que se trata de uma expropriação, e como tal, é da área cível.
Duas ações em curso
Esta decisão abrange duas ações contra a Câmara, interpostas pelos «Sampaio», e pela imobiliária Vilaminho, de Ermelando Sequeira, pedindo que os terrenos que possuem nas Sete Fontes – 6,3 hectares no total – sejam alvo de expropriação. E pedem a constituição de uma comissão arbitral para os avaliar.
Os dois proprietários não chegaram, até agora, a acordo com o Município que os pretende comprar a 14, 2 euros o m2, mas com a possibilidade de manterem o direito a construir, – num sistema de perequação – na periferia do parque ecomonumental das Sete Fontes. Ambos concordam com a construção do Ecoparque “mas não à custa de terceiros”.
A Autarquia está a construir o parque com base nas estruturas do antigo sistema, oitocentista, de abastecimento de água à cidade e na zona florestal que o circunda.
A família Sampaio, que possui 1,8 hectares, considera que os “terrenos valiam 100 a 120 euros o m2, pelo que – dizem – o que a Câmara quer fazer, pagar 14,20 euros o m2, é injusta.
O julgamento está na sua fase final, estando o juiz à espera que o deputado na Assembleia da República, Hugo Pires, dê o seu testemunho por escrito.
Na última sessão, em julho foi ouvido o presidente da Câmara, Ricardo Rio, o ex-vereador do Urbanismo, Miguel Bandeira, bem como técnicos camarários e outras testemunhas arroladas pela família.