Depois de quase três meses a viver nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro regressou hoje ao Brasil. Derrotado nas últimas eleições, o político tem como objetivo liderar a oposição ao Governo de Lula da Silva.
Cerca de 100 pessoas estiveram no aeroporto de Brasília para rececionar o ex-presidente, e enquanto gritavam palavras de apoio e cantavam o Hino Nacional, Bolsonaro optou por “fintar” os apoiantes e deixou o local por uma outra saída cerca das 7:40 (horário local, 11:40 em Portugal continental).
Bolsonaro segue percurso sob escolta da Polícia Federal, a cumprir um protocolo de segurança para ex-presidentes.
Lula da Silva tomou posse a 01 de janeiro, dois dias após Bolsonaro, ainda em funções, ter viajado para os Estados Unidos com a intenção de não entregar o cargo após uma derrota eleitoral que ainda não reconheceu. O ex-presidente ficou fora do Brasil por 89 dias.
O regresso de Bolsonaro foi anunciado pelo Partido Liberal (PL), ao qual aderiu em 2021 e que o nomeou “presidente honorário” após a sua campanha mal sucedida de reeleição contra Lula da Silva, que o derrotou nas urnas em outubro de 2022 por uma diferença de 1,8 pontos percentuais.
O PL explicou que Bolsonaro, ao sair do aeroporto, “segue para a sede do Partido Liberal, no Complexo Brasil 21, onde será recebido, entre outros, pela esposa, Michelle Bolsonaro, pelo Presidente Nacional do partido, Valdemar Costa Neto, pelo Secretário de Relações Institucionais do partido, general Braga Netto, e por outras autoridades”.
O governo de Lula da Silva recusou-se a comentar o regresso do ex-presidente.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou hoje que nem o Governo nem Lula da Silva “têm uma opinião” ou qualquer “preocupação” sobre o regresso de “um cidadão que afirma estar na oposição”.
Bolsonaro está a ser processado nos tribunais numa dúzia de casos, a maioria dos quais estão agora a ser processados em primeira instância, uma vez que perdeu os privilégios que lhe foram garantidos pelo seu ex-cargo.
Está a ser investigado por encorajar atos de golpe de Estado, por campanhas para desacreditar o sistema de justiça eleitoral, por divulgar informações falsas, e por alegados abusos económicos e de poder.
Cinco casos permanecem perante o Supremo Tribunal, um dos quais procura determinar a “autoria intelectual” da tentativa de golpe de Estado de 08 de Janeiro.
Nas últimas semanas, foi acrescentada uma investigação, que ainda não chegou ao tribunal, sobre presentes valiosos que recebeu da Arábia Saudita enquanto Presidente e que manteve depois de deixar o cargo.
Recorde-se que Bolsonaro é um dos convidados para um grande encontro de líderes da extrema-direita em Lisboa que está a ser organizado pelo Chega e André Ventura.