“Bloom” de veleiros nas praias portuguesas (e Viana não escapa)

Milhares de veleiros arrojam na Figueira da Foz. (Abril/2024) Foto: GelAvista

Vários exemplares de veleiros (Velella velella) estão a arrojar nas praias da costa portuguesa, com especial incidência no Norte e Centro do país, revelou o observatório de organismos gelatinosos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Há avistamentos registados em várias praias e, embora o projeto GelAvista, do IPMA, não tenha revelado quais são essas praias por ainda se encontrar a recolher mais dados, sabe-se que há registo de arrojamentos em grandes quantidades na Figueira da Foz (documentado na foto) e em Gaia, havendo também relatos públicos em relação a praias no Alentejo.

UM dos avistamentos dos últimos dias. FoTO: Oksana Tsyrak

Como O MINHO noticiou, alguns exemplares deste cnidário foram avistados na Praia Norte, em Viana do Castelo, na primeira quinzena de março. O último registo tinha sido em Ofir, Esposende, no mês de janeiro.

O projeto do IPMA explica que o “arrojamento de organismos desta espécie em grande número é um fenómeno natural e usual nesta época do ano”, sabendo-se já que é a partir de abril que as gelatinosas começam a dar à costa em maior número. O último “bloom” notado foi em 2019 e incluiu caravelas-portuguesas, um ser muito mais tóxico do que o veleiro.

Segundo o projeto GelAvista, o veleiro “é considerado ligeiramente urticante” e “não representa um perigo para os cidadãos, desaconselhando-se, no entanto, o contacto com os seus tentáculos”.

O aparecimento deste animal hidrozoário na costa do Minho também é uma ocorrência comum e a distribuição desta espécie ocorre um pouco por todo o mundo.

“Esta espécie tem sido reportada ao GelAvista pelos cidadãos nas últimas semanas, pois estamos atualmente a atravessar um período de bloom da espécie. Tratam-se de fenómenos naturais em que a espécie se reproduz rapidamente, podendo formar aglomerados de centenas de indivíduos”, esclarece o gabinete do GelAvista, respondendo a um avistamento na praia de Melides, publicado na revista Wilder.

Os responsáveis pelo projeto pedem ainda ajuda para “obter informação correta sobre a extensão da ocorrência desta espécie”, sendo para isso necessário registar o avistamento em fotografia e enviá-la para [email protected]

Possui uma câmara flutuante e uma vela, lembrando mesmo um veleiro

De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, desde 2020 que a Velella velella está registada com a definição :”um celenterado hidrozoário, encontrado em flutuação livre em águas marítimas quentes e temperadas”.

“Pode atingir cerca de sete centímetros de comprimento e tem uma câmara de flutuação azulada, encimada por uma estrutura triangular rígida e translúcida que se mantém acima da superfície da água (permitindo a deslocação por ação do vento) e pequenos tentáculos urticantes pendentes na parte inferior”.

VELEIRO (VELELLA VELELLA). FOTO: HUGO SANTOS / UNIVERSIDADE DO PORTO

Nunca causou problemas de saúde a ninguém

O instituto do mar admite que não “há evidências de queimaduras ou problemas de saúde associados, por isso é considerada inofensiva”. Contudo, pode causar uma breve reação alérgica em pessoas com maior sensibilidade

O IPMA adverte que por o ser possuir pequenos tentáculos que são “ligeiramente urticantes”, é “aconselhável evitar o contacto direto com os mesmos de forma a evitar potenciais reações alérgicas, em caso de maior sensibilidade”.

A ‘prima’ caravela-portuguesa é a que não se pode tocar

Como sabemos, até porque O MINHO tem noticiado, há cnidários que são bastante tóxicos, e um deles tem um nome que nos diz muito – caravela-portuguesa (Physalia physalis) -, por ter uma forma associada à caravela, e também tem surgido nas praias portuguesas na última semana, mas desta vez em nenhuma do Minho.

CARAVELA-PORTUGUESA (PHYSALIA PHYSALIS). FOTO: MANUELA JORGE (GELAVISTA)

O IPMA explica que estas duas espécies podem ser confundidas por apresentarem algumas semelhanças como a cor azulada e o facto de flutuarem à superfície do mar, e frequentemente avistadas na nossa costa no verão, e salienta as diferenças.

Diferenças entre Veleiro e Caravela-portuguesa

Velella velella (veleiro): flutuador em forma de “vela” triangular achatada, de pequenas dimensões (1 a 8 cm), tentáculos curtos. Na maioria dos casos não representa perigo para os banhistas, mas pode provocar alguma alergia ou irritação.IPMA

Physalia physalis (caravela-portuguesa): flutuador em forma de “balão”, em geral, de maiores dimensões que a Veleiro. Com tentáculos de 30m, são muito urticantes, capazes de provocar graves queimaduras e outros problemas em pessoas de saúde mais frágil.

 
Total
0
Partilhas
Artigos Relacionados