Os candidatos do Bloco de Esquerda pelo círculo eleitoral de Braga, José Maria Cardoso e Alexandra Vieira, reuniram com a direção da Associação Académica da Universidade do Minho, e defenderam a urgência na construção de novas residências universitárias.
Em comunicado enviado a O MINHO, os bloquistas falam na falta de alojamento estudantil agravada pela especulação imobiliária nas cidades de Braga e de Guimarães, “o que aumenta os encargos das famílias e está diretamente relacionada com as situações de abandono escolar que se tem vindo a verificar no ensino superior”.
“O Plano de Recuperação e Resiliência pode contribuir para resolver parte do problema, mas os tempos curtos de execução, de 24 meses, inviabilizam que edifícios como o de Santa Luzia, em Guimarães, ainda na esfera do Tesouro e sem projeto não seja incluída, enquanto que em Braga, por já ser só necessário um ajuste ao projeto para a Fábrica Confiança, poderá ser abrangida”, consideraram.
Os candidatos voltaram a referir que não concordam com essa solução para a Confiança, por quatro razões. “Trata-se de património dos bracarenses e que deve ser para o seu usufruto como espaço cultural, vai densificar ainda mais uma zona já demasiado urbanizada, contribui para a manutenção da guetização do Campus de Gualtar que se traduz na falta de contacto com a cidade de Braga e por que a Universidade do Minho tem um papel cultural na cidade que não pode descurar, no qual se inclui o património classificado. Os candidatos referiram que já há anuência quanto à antiga escola D. Luís de Castro e ao Centro de Recrutamento Militar como possíveis residências universitárias e basta que o Tesouro desbloqueie estes edifícios”, salientam.
Além disso, referiram os candidatos, “o problema das residências e dos custos do alojamento já não são novos e que a Universidade do Minho e o Governo não têm encontrado soluções estruturais para o problema”.
Os candidatos ficaram ainda a saber que a Portaria 29 A de 2022, que define as condições de financiamento pelo Plano de Recuperação e Resiliência sobre o alojamento estudantil, prevê que o valor estipulado a cobrar nas novas residências possa ir até 50% do IAS, o que significa valores próximos dos 250€, o que é caro e é o valor do mercado. A mesma portaria refere ainda que os lucros das residências revertem para o Ministério das Finanças, o que inviabiliza os custos de manutenção destas estruturas.
A Associação de Estudantes referiu ainda o subfinanciamento da Universidade, cuja fórmula não é atualizada desde 2009, compromete, salários de todas as pessoas que trabalham, carreiras, envolvimento em projetos, aquisição de materiais e de equipamentos e a própria Ação Social.
Foi referida a questão dos transportes coletivos, não só entre Braga e Guimarães, como também de outros concelhos limítrofes para os dois campi, que não permitem que os estudantes se desloquem para a universidade deste modo e é um incentivo à utilização do automóvel, mais cara e com consequências ambientais.
Por fim, a questão do ensino superior gratuito foi referida como fundamental para que mais estudantes possam frequentar o ensino superior, mas, porém, pode não ser suficiente para que alguns possam suportar todos os custos inerentes à frequência, criando desigualdades no acesso à universidade.
“O Bloco de Esquerda tem como proposta a eliminação das propinas de licenciatura e a sua redução no caso dos mestrados e doutoramentos e o aumento para 3% do PIB para ciência e investigação”, conclui a nota de imprensa.