Deputados do BE eleitos por Braga questionaram o Governo sobre o “traçado alternativo” proposto pela população para a linha de muito alta tensão Ribeira de Pena – Vieira do Minho, argumentando que tem menos impactos ambientais e económicos.
Num conjunto de questões dirigidas ao executivo através do ministro do Ambiente e da Ação Climática, a que a Lusa teve hoje acesso, os deputados do BE eleitos pelo círculo de Braga querem saber “como avalia o Governo” a proposta apresentada pela população das freguesias de Vieira do Minho afetadas pela passagem daquela linha.
Os bloquistas questionam ainda se o Governo vai “exigir à REN a alteração do traçado que abrange a União de Freguesias de Ruivães e Campos, a freguesia de Rossas e outras povoações [no concelho de Vieira do Minho, distrito de Braga] afetadas pelo projeto da linha de muito alta tensão Ribeira de Pena – Vieira do Minho”.
Segundo o Estudo de Impacte Ambiental promovido pela REN, o Projeto da Linha Dupla Ribeira de Pena – Vieira do Minho prevê a instalação de uma linha aérea de muito alta tensão, a 400 kV, com 26,5 quilómetros entre Ribeira de Pena e Vieira do Minho, que atravessa ainda os concelhos de Cabeceiras de Basto e Montalegre, sendo que para as freguesias de Vieira do Minho estão projetados 15 apoios constituídos por estruturas metálicas treliçadas.
A 16 de março, um grupo de associações e habitantes de Campos, em Vieira do Minho, alertou que a passagem de uma linha de alta tensão por aquela freguesia vai “desvalorizar o investimento” feito no Turismo e na Agricultura.
Numa missiva dirigida ao ministro do Ambiente e da Transição Energética, à Agência Portuguesa do Ambiente e ao presidente do conselho de administração da REN, a que a Lusa teve acesso, a Associação de Preservação da Identidade da Freguesia de Campos, juntamente com os habitantes (permanentes e não permanentes) dos lugares de Campos, Lamalonga e Zebral, comércio local, casas de turismo, produtores de gado e outras associações locais, salientaram haver um traçado alternativo com “menor impacto” do que o “chamado” Corredor Norte, o Corredor Sul.
Segundo o grupo, “existem várias posições de como o Corredor Sul é menos prejudicial, não causando impactos negativos na sustentabilidade dos referidos habitantes. A nível paisagístico e ambiental, também causará menos impacto e devastação”.
As áreas mais prejudicadas pelo Corredor Norte, são, segundo o grupo, o turismo e a agricultura, sendo que na primeira lembram que a freguesia de Campos “tem duas aldeias classificadas como Aldeias de Portugal”, uma que “foi distinguida com prémio de Boas Práticas Locais Para o Desenvolvimento Sustentável e que foram feitos “fortes investimentos”.
O grupo referiu que “parte do percurso da Rota do Volfrâmio irá coincidir com o itinerário do corredor da linha de alta tensão” e que esta irá também interferir com a construção do Passadiço dos Moinhos de Campos e que irá afetar várias paisagens, com destaque para a da Serra da Cabreira, uma das “principais atrações turísticas, assim como, de fixação de pessoas” nos locais envolventes.
“Concluindo, todo o investimento e esforço feito por autarquias, particulares e associações será desvalorizado”, salientou o grupo.
Dado “persistirem impactes negativos significativos” nas áreas abrangidas pelo projeto, o grupo Parlamentar do BE entende que “devem ser esclarecidas as razões que motivaram a emissão favorável condicionada à linha de muito alta tensão da REN entre Ribeira de Pena e Vieira do Minho”.
Os deputados defendem que “o traçado alternativo proposto pela população das freguesias de Vieira do Minho deve ser avaliado para se averiguar se essa opção atenua os impactes negativos no ambiente, na biodiversidade, na atividade económica e na qualidade de vida das populações”.