Os fiéis de cinco comunidades de Fafe estão revoltadas com a suspensão do pároco, Manuel Torre, e acusam o arcipreste José António Carneiro de ser o responsável pela afastamento do sacerdote que está naquelas paróquias desde setembro.
A Arquidiocese de Braga diz o padre “não foi nem está suspenso”, isto num comunicado em que termina a dizer que, afinal, foi dispensado. Manuel Torre disse acatar as ordens da Igreja, mas a população é que não parece estar pelos ajustes e ameaçou encerrar as igrejas.
Este domingo, o padre Manuel Torre foi acompanhado pelo Bispo Auxiliar de Braga, D. Nuno Almeida, de forma a explicar à população que o pároco estará algum tempo afastado, a partir de agosto, para se recuperar de problemas de saúde.
No entanto, a população crê que é a Arquidiocese que o estará a forçar nessa situação, algo que o pároco, numa primeira fase, alimentou, mas que agora decidiu retratar, pedindo desculpa aos superiores hierárquicos da Igreja e aos colegas sacerdotes.
Através de um documento entregue aos fiéis, a que O MINHO teve acesso, o padre Manuel Torre admite que irá interromper a atividade sacerdotal após ter sido aconselhado pelos superiores, devido a alguns problemas de saúde que, no entender do padre, não seriam motivo para a interrupção.
“Sim, é verdade, ao mesmo tempo em que me fui enamorando pelas minhas paróquias e amando cada paroquiano com todo o meu ser, foi diminuindo a minha saúde. Em algum momento pedi para sair, todavia, alertaram-me para esta situação e aconselharam-me a tratar da saúde”, pode ler-se.
“A perspetiva de ter de interromper o trabalho pastoral, abalou-me, revoltou-me, e senti-me julgado injustamente em notícias e conversas não condizentes com a verdade. Os meus paroquianos são bem testemunhas da minha dedicação e entrega sacerdotal”, destacou o pároco.
Manuel pediu desculpas aos superiores, confessando que “esta situação, envolta num desgaste emocional”, levou “a pronunciar palavras e até acusações não evangélicas nem de um homem de Deus”.
Admite agora ter de interromper a atividade pastoral para “poder recuperar a saúde” e informa que, a partir de agosto, as comunidades contarão com um novo pároco, que permanecerá até Manuel Torre resolver os problemas de saúde.
À porta das igrejas, os fiéis não deram tréguas ao Bispo Auxiliar, tecendo elogios a Manuel Torre e quase implorando para que “não troquem o padre”. Alguns crentes acusam a Arquidiocese de distanciamento em relação aos paroquianos e àquilo que os paroquianos querem para a sua comunidade, mas o padre Manuel Torre tratou de colocar água na fervura e explicar que seria a melhor opção para a sua saúde.
Apesar das explicações, não houve missa em duas das paróquias, por falta de fiéis dentro da igreja. Já em Revelhe, e após intensa discussão no adro, os fiéis entraram e a eucaristia acabou por ser celebrada.