O bispo do Porto, Manuel Linda, defendeu, esta quinta-feira, em Penafiel, que o celibato dos sacerdotes “não é um dogma” e que ainda não chegou a hora de “acabar com ele”.
“O celibato não é um dogma (…) e da mesma maneira que ele veio, ele pode desaparecer”, afirmou, em declarações aos jornalistas, prosseguindo: “A minha posição é que ele [celibato] é muito útil nos tempos de hoje. Julgo que os tempos ainda não estão maduros para acabar com ele”.
Manuel Linda falava em Penafiel, no distrito do Porto, onde, esta quinta-feira, participou numa conferência com alunos da escola secundária da cidade.
A declaração do bispo do Porto sobre o celibato ocorreu quando lhe foi pedida, pela agência Lusa, uma posição sobre a polémica em torno do assunto no Vaticano, envolvendo o Papa Emérito Bento XVI, que pediu que o seu nome fosse retirado de um livro polémico.
Este caso está a ser classificado como uma tentativa de manipular Bento XVI, através da área mais conservadora da Igreja, a enfrentar o Papa Francisco sobre a questão do celibato dos padres.
O secretário de Bento XVI disse que o papa Emérito “nunca aprovou nenhum projeto de livro com assinatura dupla” com o cardeal Robert Sarah.
Para o bispo do Porto, trata-se de um “caso de somenos importância na Igreja”, acrescentando que “essa problemática não é assim tão dramática”.
Contudo, para Manuel Linda, se ele [Bento XVI] diz que não deu autorização para que o seu nome apareça, “logicamente ele deve saber porquê, ele certamente diz: eu não colaborei para essa visão”.
A polémica surgiu no domingo quando foi anunciado o lançamento de um novo livro assinado por Bento XVI e Robert Sarah, um dos principais líderes da fação conservadora, que tem uma posição critica relativamente a Francisco sobre o celibato dos sacerdotes.
Esta posição é conhecida numa altura em que o papa Francisco terá de pronunciar-se sobre a possibilidade do ordenamento de padres casados na Amazónia.
Em outubro do ano passado, bispos católicos pediram a ordenação de homens casados como sacerdotes, uma solução para enfrentar a escassez de clérigos na Amazónia, uma proposta histórica que pode pôr fim a séculos de tradição católica romana.