D. Nuno Almeida, bispo auxiliar de Braga, denunciou o “lixo da corrupção”, falando na sua homilia de Ano Novo, ao mesmo tempo que lembrou que 2019 será marcado por vários atos eleitorais – legislativas e Europeias – afirmando ser “uma oportunidade para exercer uma cidadania atenta, ativa e criativa”.
Segundo D. Nuno Almeida, “no ano que findou, saímos do lixo financeiro, mas tomámos consciência de que continuámos a ‘atolar-nos’ no lixo da corrupção; também está nas nossas mãos e nas nossas decisões, uma mudança séria e a sério”, referindo aos fiéis que o escutavam em Braga “que ninguém nos roube a nossa liberdade de escolha”.
Aquele que é o mais recente bispo auxiliar do Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, falava na terça-feira de manhã na Sé Catedral de Braga, numa homilia proferida ao celebrar a Missa da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, já a propósito do 52.º Dia Mundial da Paz.
Para D. Nuno Almeida, “todos somos chamados a trabalhar para que as instituições, as leis e os diversos ambientes sejam atingidos por um humanismo transcendente que ofereça às novas gerações oportunidade de plena realização e de trabalho para construir a civilização do amor fraterno, coerente com a mais profunda exigência de verdade, de liberdade e de justiça do ser humano”.
Preconizando a “boa política”, D. Nuno Almeida pediu o empenho concreto de todos os católicos, uma vez que “muitos cristãos têm medo de sujar as mãos, corremos o risco de deixar a política em algumas mãos muito sujas”.
“Não nos deixemos seduzir com a propaganda política profissionalmente orientada, mas balofa e a fingir; não permitamos que alguns euros a mais na reforma ou no salário comprem as nossas convicções profundas”, destacou D. Nuno Almeida, na Sé Catedral.
O bispo agradeceu depois à “maioria” dos políticos, que servem com sentido de missão, preconizando que a Igreja e a sociedade “se construam, à imagem do Presépio, como casa para todos”.
De acordo com o mesmo prelado, “a política, tão denegrida, é uma sublime vocação, é das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (EG 205) e por isso, nesta missão, “cada um pode contribuir com a própria pedra para a construção da Casa comum” (MDMP 2019), “de modo que a nossa família, a nossa freguesia, o nosso concelho, o nosso país, o nosso mundo, e também a nossa Igreja, se construam, à imagem do Presépio, como casa para todos!”.
“Os 12 vícios da má política”
O bispo auxiliar de Braga enumerou “os 12 vícios da má política”, que “minam a democracia e colocam em perigo a paz social”, a saber: a corrupção na apropriação indevida dos bens públicos; a corrupção na instrumentalização das pessoas; a negação do direito; a falta de respeito pelas regras comunitárias; o enriquecimento ilegal; a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da razão de Estado, a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia o racismo; a recusa a cuidar da Terra; a
exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato e o desprezo daqueles que foram forçados ao exílio”.
“A boa política está, portanto, ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras”, disse ainda o bispo auxiliar de Braga durante a sua homilia.
“Bem-aventurado o político…”
Na mesma linha de raciocínio, D. Nuno Almeida salientou ainda:
“Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.
Bem-aventurado o político que realiza a unidade.
Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
Bem-aventurado o político que sabe escutar.
Bem-aventurado o político que não tem medo”.