Bilhetes de autocarro entre Braga e Guimarães aumentaram 300% na autoestrada

Em janeiro a concessão passou para a Cávado Mobilidade

Até ao final de 2022, os alunos que precisavam de viajar entre Guimarães e Braga usavam os autocarros da Transdev que explorava a concessão e cobrava pela viagem o mesmo que a AAUM que também tem autocarros a fazer o trajeto, ou seja 1,6 euros, numa só direção, ou 2,2, euros, pela viagem de ida e volta. Em janeiro de 2023, entrou em funcionamento, no âmbito da Comunidade Intermunicipal do Cávado, uma nova concessão – a Cávado Mobilidade -, operada pela Transdev em consórcio com as empresas AVIC e AV Minho. Nessa altura, o valor dos bilhetes baixou para um euro, em cada direção. Este preço sofreu nova alteração, em março, passando a 3,95 euros. 

Entre os mais afetados pelo aumento de preços na linha de autocarro que liga as duas cidades universitárias, via autoestrada e passando pelos campi de Gualtar e Azurém, estão os alunos da Universidade do Minho (UMinho) e do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA). Apesar de Associação Académica de UMinho manter uma linha de autocarros a fazer o trajeto, a oferta não é suficiente para satisfazer a procura.

Segundo informação da Autoridade Intermunicipal de Transportes do Cávado (AITC), “as tarifas praticadas em algumas linhas durante o período compreendido entre 1 de janeiro e 1 de março deste ano, foram da exclusiva responsabilidade dos operadores, que implementou durante este período um conjunto de tarifas promocionais.” 

Alunos confusos com a oscilação dos preços

“O ano passado pagava 1,6 euros, depois, a partir do início do ano, passei a pagar só 1 euro e agora subiu para 3,95 euros”, afirma Martim Ribeiro, de 21 anos, estudante de Engenharia Informática, na UMinho, em Braga e residente em Guimarães. De acordo com a AITC, o preço que vigorou durante os dois primeiros meses do ano, foi uma promoção da exclusiva responsabilidade dos operadores.

Joana Fraga, presidente-adjunta da AAUM reconhece que têm recebido muitas queixas de estudantes desde que os preços dispararam. “A AAUM pratica atualmente o custo de 1,60 euros por viagem ou seis euros por cinco viagens. Este é um serviço que sempre trouxe prejuízo monetário à AAUM, mas pela separação física dos campi pelas duas cidades sempre foi uma prioridade disponibilizar. Com o aumento dos preços dos combustíveis no ano passado e mais recentemente até das próprias portagens, este serviço torna-se cada vez menos sustentável, principalmente se aumentar a procura por causa dos preços agora praticados pela concorrência”, afirma a dirigente estudantil.

A AAUM transporta diariamente cerca de 1.800 alunos em cada sentido e a procura está a aumentar, depois da subida de preço na única alternativa existente. “A AAUMinho reforçou já, na semana passada, alguns dos horários mais procurados, prevendo uma maior procura. No final da semana, voltaremos a olhar para os números e perceber se o que fizemos foi suficiente ou se ainda serão necessários mais reforços”, garante Joana Fraga.

Estudantes do IPCA sem alternativa

Para os estudantes do IPCA não há sequer uma alternativa, porque o único transporte que o Instituto Politécnico garante aos seus alunos liga o polo de Braga ao do Avepark. O Parque de Ciência e Tecnologia (Avepark) fica situado em São Cláudio de Barco, perto de Caldas das Taipas, a 13 quilómetros de Guimarães. Um estudante do IPCA residente em Guimarães que quisesse usar este autocarro tinha depois de cobrir a distância restante por outro meio.

Tatiana Oliveira, de 18 anos, é de Guimarães, estuda Marketing Digital no IPCA de Braga e confessa que não sabe o que fazer. “Tenho pedido boleia. Antes, com 2,20 euros comprava uma ida e volta, agora são 3,95 só por um trajeto”, reclama. “Isto é para nos obrigar a tirar o passe que custa 70 euros. Mas eu só tenho aulas quatro dias por semana”, protesta.

Segundo a AITC, “as tarifas praticadas são resultantes da aplicação das diretivas emanadas pela entidade reguladora do setor, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, que anualmente procede à determinação da Taxa de Atualização Tarifária”.

Título atualizado às 19h59 com correção do valor do aumento. 

 
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