A Bird foi a primeira concessionária de velocípedes partilhados a entrar na Cidade Berço, no dia 04 de agosto, a partir do passado dia 16 de setembro juntou-se-lhe a Bolt. Com mês e meio de funcionamento, o sistema recolhe elogios por ser abrangente, mas é criticado por bicicletas e trotinetas serem deixadas a atravancar os passeios
Guimarães é o município português com mais vilas – são nove – e o facto de o serviço de partilha de velocípedes, logo desde o arranque, chegar a estas zonas mais periféricas tem sido referido como um ponto positivo. Mesmo assim, a instalação do sistema não ficou isenta de polémicas, com os presidentes das juntas de freguesia de São Torcato (PSD) e Caldelas (PS) a emitirem comunicados no Facebook a demarcarem-se da instalação do sistema. “A Junta de Freguesia de Caldelas foi surpreendida pela colocação de equipamentos de mobilidade elétrica por uma empresa privada em espaço público”, lia-se na página da Autarquia, poucos dias depois da Bird começar a operar.
Entretanto, o Município terá feito chegar informação às juntas de freguesia. Mesmo assim, a Junta de Freguesia de Caldelas constata que “com o início da atividade por parte do operador Bird, verificamos a necessidade de corrigir diversas práticas, alteração dos locais de estacionamento ou disposição diferenciada dos velocípedes, pelo que agradecemos a partilha de práticas incorretas junto do Município, por forma a qua as mesmas não sejam replicadas”.
Passeios bloqueados
Os críticos do sistema apontam principalmente o caos causado pela ocupação dos passeios por bicicletas e trotinetas deixadas de forma indiscriminada. Alberto Martins, presidente da Junta de Freguesia de São Torcato refere que já encontrou uma trotinete dentro de um chafariz. O assunto foi levado à última reunião do executivo municipal pela vereação social-democrata que crítica não o sistema de partilha, mas a falta de locais específicos de estacionamento destas viaturas.
Pontos de estacionamento para bicicletas
Ao mesmo tempo que foi lançado o sistema de partilha de bicicletas e trotinetas, Guimarães passou a dispor de duas estruturas de estacionamento de velocípedes, mas não para os veículos das operadoras. Estas duas instalações, junto à estação ferroviária e do terminal de autocarros, são coberturas com capacidade para 10 bicicletas, disponíveis para quem alterna entre este meio e o transporte público. Além do depósito da bicicleta, nestes locais é possível usar pequenos cacifos para guardar capacetes, óculos e luvas. Estes pontos de estacionamento de bicicletas dispõem também de corrente elétrica para carregar os velocípedes elétricos. Embora estejam disponíveis desde a primeira semana de agosto, nas diversas vezes que O MINHO verificou, nunca encontrou nenhuma bicicleta guardada nestas estruturas, o que indica uma baixa utilização. Para o presidente da Câmara, Domingos Bragança, Guimarães está “a fazer caminho, como é prova as ciclovias que já temos à disposição, e ainda que estas estejam a ser usadas sobretudo para lazer, criam hábitos que facilmente se transportam para o dia a dia das pessoas”.
Relativamente ao problema da ocupação do espaço público de forma desordenada, a vereadora com o pelouro da mobilidade, Sofia Ferreira, afirma que o sistema “tem tido um impacto positivo e os pedidos que nos chegam são para reforçar em determinados pontos”. A vereadora admite, contudo, “há uma maior concentração no centro”.
É obrigatório cumprir o código da estrada
Outra questão que preocupa as pessoas é o facto de se verem os veículos da Bird e da Bolt a andar nas zonas para os peões. Apesar das operadoras terem um sistema de localização por GPS que bloqueia os veículos quando entram em zonas onde não podem circular, O MINHO usou, sem qualquer problema, uma trotinete na praça da Plataforma das Artes. A PSP de Guimarães, afirma de forma perentória que bicicletas e trotinetes têm de andar na estrada e cumprir o código, “nomeadamente o uso de capacete e a não utilização de telemóvel durante a condução”.
Preço dos serviços e experiência
Ao nível da experiência, quem conhece e está habituado a usar noutras cidades elogia a qualidade dos velocípedes. O facto de o sistema ter sido implementado há pouco tempo faz com que as máquinas sejam o último modelo e, para já, estão todas em perfeito estado de conservação. A Bolt foi a última a chegar e, talvez por isso, os seus preços são para já muito mais atrativos: não há taxa de desbloqueio e o aluguer custa cinco cêntimos por minuto. Na Bird é preciso pagar um euro para desbloquear o veículo e cada minuto custa 25 cêntimos.