O filho de uma grávida em morte cerebral mantida em suporte orgânico no Hospital de São João, no Porto, nasceu hoje às 04:23 e está internado no Serviço de Neonatologia, disse à Lusa fonte daquela unidade hospitalar.
“O Salvador nasceu às 04:32 de hoje e está internado no Serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ)”, disse à Lusa a mesma fonte.
A mãe da criança estava internada no CHUSJ “em morte cerebral, mantida em suporte orgânico até se atingirem as condições de maturidade fetal necessárias para a realização do parto”, informou na quarta-feira aquele hospital.
De acordo com o Jornal de Notícias, a mãe da criança, de 26 anos, teve um ataque de asma e ficou em morte cerebral quando estava com 12 semanas de gravidez, tendo sido mantida em suporte orgânico de vida até a criança atingir as 32 semanas de gestação.
“Nasceu bem” e é como “qualquer prematuro”
O bebé nasceu com “31 semanas e seis dias e 1,7 quilos”, após três meses de morte cerebral da mãe, apresenta a saúde de “qualquer outro prematuro com igual tempo de gestação”, informou o hospital de São João.
Em conferência de imprensa, Hercília Guimarães, chefe do serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ), no Porto, explicou que o Salvador foi, naquela unidade, “o primeiro” bebé nascido de uma mãe em morte cerebral, ali mantida durante “56 dias” em suporte orgânico de vida, até que, durante a madrugada de hoje, “deteriorações respiratórias” da mãe levaram a antecipar a cesariana prevista para sexta-feira.
“Nasceu bem, com necessidade de apoio de suporte ventilatório, o que é normal para o tempo de gestação. Neste momento deve estar a ser extubado [retirada de suporte respiratório], porque estava a melhorar da parte ventilatória. Não existem, neste momento, quaisquer indicações de problemas relacionados com o falecimento da mãe”, observou a especialista.
Marina Moucho, obstetra, explicou que a cesariana prevista para sexta-feira foi antecipada devido a “deteriorações respiratórias e dificuldade em ventilar a mãe que tiveram como consequência algumas alterações no bebé”.
“O bebé não estava em sofrimento, mas havia algumas alterações justificadas pela dificuldade na ventilação materna. Foi decidido terminar a gravidez. Foi considerado que seria o melhor para ele”, disse.
Notícia atualizada às 13h24 com mais informação.