Sete medalhas internacionais conquistadas em 2022 entre Europeus e Mundiais de pista e maratonas transformaram a júnior Beatriz Fernandes no novo fenómeno da canoagem portuguesa, com a canoísta de Ponte de Lima a alimentar legítimas esperanças de estar em Paris2024.
“As [competições] seniores são um bocado mais complicadas, mas vamos ver como corre, vamos tentar”, assumiu, à Lusa, a jovem “tímida” de 18 anos, que vai ter a momento decisivo no olímpico C1 200 metros nos Mundiais de 2023, entre 23 e 27 de agosto em Duisburgo, Alemanha.
Um dia depois de ser campeã do mundo de C1 distância longa e bronze na ‘short race’, classe aberta a todas as categorias, na sua primeira participação internacional na especialidade maratonas, Beatriz Fernandes, do Clube Náutico de Ponte de Lima, assume que vai privilegiar o C1 200 que a pode levar a Paris e revela um dos segredos do seu sucesso.
“Um dos meus maiores trunfos… sou uma atleta com capacidade. Acho que sou forte mentalmente e é isso que me tem ajudado muito. Sou um bocado masoquista, gosto de sofrer”, admite, imune à dureza dos sacrifícios inerentes às exigências da alta competição.
Ao entrar no curso de Fisiologia Clínica no Instituto Politécnico de Coimbra, a limiana vai viver para a residência universitária da federação em Montemor-o-Velho, entrando num registo ainda mais focado para aprimorar as suas qualidades.
Assume que tem de “melhorar a largada” na C1 200 metros, uma vez que é uma atleta que dá menos pagaiadas do que a generalidade das rivais, acreditando que também tem margem de progressão “na ponta final e resistência”, curiosamente as armas que a levaram o título mundial júnior de C1 200 metros, depois de ter sido bronze no Europeu.
Beatriz Fernandes diz que acordou hoje “super feliz” depois das medalhas de quinta-feira, alcançadas na sua Ponte de Lima, revelando que esta foi “a melhor forma possível de terminar a época e de ter motivação para que a próxima seja ainda melhor”.
“Beatriz é uma super atleta, uma agradável surpresa esta época. Foi medalha de bronze nos Europeus e campeã do mundo na distância olímpica de C1 200 metros, aqui com um tempo de final nos Mundiais seniores. Isso dá-nos alguma esperança de poder lutar pelo apuramento para Paris2024”, assume o presidente da federação, Vítor Félix.
O dirigente elogia a “força física e mental” de Beatriz Fernandes e acredita que a jovem tem ainda “margem de progressão”; afiança ainda que, com a sua “resiliência e capacidade de sofrimento”, poderá se a surpresa da seleção de canoagem rumo aos Jogos Olímpicos.
As sete medalhas internacionais de Beatriz Fernandes:
– Campeonato do Mundo de velocidade (Szeged, Hungria).
Ouro C1 200 metros.
Prata C2 500 misto com Martim Azevedo.
Bronze C1 500.
– Campeonato da Europa de velocidade (Belgrado, Sérvia).
Prata C1 500.
Bronze C1 200.
– Campeonato do Mundo de maratonas (Ponte de Lima, Portugal).
Ouro C1 distância longa.
Bronze C1 ‘short race’.