O líder parlamentar do BE acusou hoje o Governo de aceitar um “empobrecimento generalizado” dos portugueses pela perda de poder de compra de salários e pensões e contribuir para uma possível “tempestade perfeita” na economia portuguesa.
“Oessencial numa economia é o rendimento das famílias. E um Governo que aceita a perda de poder de compra, o empobrecimento generalizado face a esta inflação galopante está a ajudar a que essa tempestade perfeita se forme”, declarou Pedro Filipe Soares aos jornalistas, na Assembleia da República.
Após uma reunião do Bloco de Esquerda (BE) com o ministro das Finanças e a ministra dos Assuntos Parlamentares sobre o cenário macroeconómico para este ano e para 2023, Pedro Filipe Soares recusou servir de “transmissor das perspetivas do Governo”, mas criticou as propostas para salários e pensões e contestou a prioridade atribuída à redução da dívida.
“O Governo colocou na questão da dívida uma das matérias fundamentais, curiosamente num contexto em que outros países não estão a ter essa prioridade, porque reconhecem o óbvio, e era algo que o PS reconhecia até alguns anos atrás: quando a economia está frágil — e a economia pode ficar frágil porque as famílias não têm dinheiro — as dívidas públicas aumentam, porque as contas públicas dependem da dinâmica económica”, argumentou.
Segundo o deputado e dirigente do BE, na reunião de hoje “o Governo reconheceu que há uma perda de poder de compra dos salários e das pensões com as medidas que tem apresentado ao país e com aquilo que trará no Orçamento” e que essas medidas “representam na prática um empobrecimento consciente da sociedade”.
“Há outros países que estão a ser muito mais corajosos na salvaguarda do rendimento das famílias. E o Governo, ao não ter essa coragem, está a faltar às famílias e ao país e à economia do país. Esse é um erro que nós pagaremos caro”, considerou.
“Desse ponto de vista, é um Governo que se prepara para ter problemas que nós já tivemos no passado, ao desvalorizar o essencial”, reforçou.