O Bloco de Esquerda do Concelho de Caminha apresentou uma proposta na Assembleia Municipal, na sexta-feira à noite, com vista à implementação de medidas de combate à desinformação digital após “agressões” de “ideologia fascista” que têm ocorrido na região e no país.
Para Abílio Cerqueira, deputado eleito pelo BE em Caminha, o propósito das agressões “é o de desestabilização da sociedade e o amedrontamento dos cidadãos, para causar a putrefação das instituições e, com isso, perpetrar o golpe-de-estado pretendido, com o consentimento de cidadãos malformados e mal informados”.
“Urge, pois, combater as raízes que alimentam estes movimentos e para tal impõe-se, entre outras medidas, conceder aos cidadãos informação credível que possa ser contrastada com a desinformação que pulula nas plataformas digitais, agora infetadas com tantas notícias falsas”, prosseguiu, em comunicado enviado a O MINHO.
A proposta surge após a agressão a voluntárias que distribuíam comida a sem-abrigo, num episódio marcado por gestos de saudação nazi e acusações relacionadas com a imigração. Dias depois, a 14 de junho, foram noticiadas novas agressões no centro histórico de Guimarães, entre “antifascista” e “neonazi”. O BE recorda ainda que, durante as comemorações do 25 de Abril deste ano, ocorreram distúrbios e confrontos envolvendo elementos identificados com movimentos de extrema-direita.
Segundo Abílio Cerqueira, estes acontecimentos inserem-se numa “escalada de provocações, ameaças e agressões”, com o objetivo de desestabilizar a sociedade. Em resposta, o partido propõe o reforço da literacia mediática e o acesso a informação credível como forma de contrariar a desinformação propagada nas plataformas digitais.
A proposta recomenda que a Câmara de Caminha desenvolva iniciativas de capacitação digital dos munícipes, com o objetivo de fomentar espírito crítico e acesso a fontes jornalísticas profissionais. Uma das medidas passa pela modernização do papel da Biblioteca Municipal, nomeadamente através da disponibilização de acessos digitais a jornais diários e publicações periódicas, incluindo para residentes em freguesias mais afastadas da sede do concelho.
O Bloco de Esquerda sublinha que estas ferramentas já são utilizadas por outras autarquias no país e defende que a sua adoção contribuirá para uma “sociedade mais informada e resistente à desinformação”.