A coordenadora do BE, Catarina Martins, criticou hoje a ausência de soluções concretas do plano de contingência para as urgências hospitalares anunciado pelo Governo, considerando urgente a autonomia de contratação dos hospitais e a dedicação exclusiva.
Em conferência de imprensa na sede do BE, em Lisboa, Catarina Martins afirmou que é correto o diagnóstico feito pela ministra da Saúde, Marta Temido, após as reuniões que teve segunda-feira com o setor sobre a rutura nos serviços de urgência, sendo o problema o facto de, “além do apelo para que os hospitais organizem redes de urgências”, a ministra não ter avançado “com qualquer solução concreta”.
“Que a situação se arraste há anos, como reconheceu ontem [segunda-feira] a ministra da Saúde, só torna o problema mais grave. Nos últimos anos, o Governo do PS recusou todas as soluções e, das poucas vezes em que aceitou avanços legislativos, recusou ou travou a sua concretização no terreno”, criticou.
Para a líder do BE, “é urgente implementar duas medidas que estão respaldadas na lei de bases da saúde, que foram recusadas pelo Governo quando o Bloco as fez nas negociações dos últimos orçamentos e que mesmo agora o Governo continua a recusar”, considerando que estas são as duas “com o maior alcance imediato para garantir profissionais ao SNS”.
O Governo não tem feito nada para captar profissionais para o SNS. É urgente dar autonomia de contratação aos hospitais e oferecer a possibilidade de dedicação exclusiva aos profissionais com incentivo remuneratório de 40%.@catarina_mart pic.twitter.com/t4qhMSv1GT
— Bloco de Esquerda (@BlocoDeEsquerda) June 14, 2022
Assim, de acordo com Catarina Martins é preciso “garantir já a autonomia de contratação dos hospitais para os lugares do quadro que estão por preencher” e “oferecer a quem já está no SNS e a quem queira regressar a possibilidade de dedicação exclusiva ao serviço público com incentivo remuneratório de 40%”.
Catarina Martins defendeu que estas duas medidas não dispensam outros avanços e outros investimentos no SNS, sendo o início de uma solução para responder aos problemas que hoje se vivem.
“A ministra não pode responsabilizar os hospitais pela gestão dos recursos enquanto nega aos hospitais esses mesmos recursos e até a autonomia para contratar para os lugares que estão vazios nos quadros”, condenou.
Na análise da líder bloquista, o Governo tem os instrumentos e a responsabilidade de salvar o SNS e “se recusar fazê-lo, está deliberadamente a destruir o SNS”.