O professor e artista Augusto Canedo não espera ganhar a Câmara de Vila Nova de Cerveira para o Bloco de Esquerda, concelho onde concorre pela primeira vez, mas “vai lutar por um mandato” nas eleições autárquicas de setembro.
Em declarações à agência Lusa, Augusto Canedo, de 63 anos, natural do Porto, disse hoje querer impedir uma maioria absoluta do Movimento Independente Pensar Cerveira – PenCe, liderado pelo atual presidente da Câmara, Fernando Nogueira.
“Foram os meus companheiros do Bloco de Esquerda, partido do qual sou militante, que me empurraram para este desafio. Temos consciência que não estamos a concorrer para ganhar a Câmara Municipal, mas não podemos perder esta oportunidade para fazer passar a nossa mensagem. Gostaríamos muito de impedir uma maioria absoluta na Câmara e vamos lutar para conseguir um lugar de vereador. Desta forma, estaremos a cumprir uma participação cívica democrática”, afirmou Augusto Canedo.
O professor e artista está ligado à Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira, concelho do distrito de Viana do Castelo, onde também reside desde 2008.
O primeiro candidato do Bloco à Câmara de Vila Nova de Cerveira adiantou “não ter críticas fortes a fazer à atual presidência” da autarquia do Alto Minho.
“No que diz respeito à gestão corrente, na conservação e em projetos que estão em execução, merecem a nossa aprovação. No entanto, achamos que há coisas que se podem melhorar. A nossa intenção é introduzir uma participação cívica e positiva”, sustentou.
A criação de uma rede de transportes públicos mais regular, para servir as freguesias mais afastadas da sede do concelho, e a recuperação da “força” que a Bienal de Arte deu a Vila Nova de Cerveira são algumas das propostas do candidato.
Augusto Canedo disse que a bienal de arte criada em 1978 “é uma âncora” do concelho que está a “perder-se por não ser uma prioridade” para o atual executivo municipal.
“A bienal de Arte foi, em 1978, a bandeira da descentralização cultural que criou uma nova centralidade artística, centrada na ideia de um dos seus fundadores, Jaime Isidoro, de levar a arte às pessoas. A vila passou a ter um nome associado às artes, valorizou-se e fortaleceu-se nacional e internacionalmente. Achamos que isso se está a perder. Não tem sido uma prioridade desta autarquia ter a perceção da contribuição da bienal para a marca e para o valor acrescentado que representa do concelho. Essa marca está a ser um pouco mal-amada”, especificou.
Augusto Canedo é licenciado pela Faculdade de Belas Artes do Porto, desde 1985. No biénio 1992/94, realizou o curso de doutoramento, na Universidade de Salamanca, em “Fenomenologia do comportamento criativo”.
Iniciou a carreira de docente em 1983, no ensino secundário, tendo ainda sido assistente (disciplina de pintura) entre 1985/1990 na Escola Superior Artística do Porto (ESAP) e, entre 1997/2002, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
A sua atividade estendeu-se ainda à dinamização de diversos projetos, designadamente desde 1994 da “POR AMOR À ARTE” (galeria), na direção da Associação Projeto, como diretor artístico da Bienal de Cerveira, entre 2008 e 2013, na revista Bombart e do parque de Esculturas da Porta do Mezio.
Em relação ao seu trabalho artístico, realizou exposições em Espanha, França, Itália, Holanda, Alemanha, Grécia, Áustria, Suécia, Macau, Angola, Brasil, Peru, Estado Unidos da América e Canadá.
O Movimento Independente Pensar Cerveira – PenCe, liderado por Fernando Nogueira, conquistou, em 2013, a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira ao PS com 45,12% dos votos e três mandatos, contra 40,59% e dois mandatos dos socialistas.
Nas eleições autárquicas de 2017, o movimento arrecadou 58,23% dos votos contra 35,50% do PS, mantendo-se a distribuição de mandatos (3-2).
As eleições autárquicas estão marcadas para 26 de setembro.