O Bloco de Esquerda acusou hoje a AGERE, empresa municipal de saneamento de Braga, de “sacudir a água do capote” quanto às “frequentes descargas poluentes” no rio Este, acusando ainda a câmara municipal de se “esconder atrás” daquela estrutura.
Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, a Comissão Concelhia do Bloco de Esquerda de Braga lamentou a descarga poluidora de dia 23 no rio Este, salientando que aquelas descargas “são frequentes, demonstrando a inação quase total no que diz respeito à prevenção, monitorização e à salvaguarda dos rios do concelho de Braga”.
Confrontado pela Lusa com as acusações do BE, o administrador da AGERE, Rui Morais, acusou os bloquistas de serem “levianos” e de “apontarem muito o dedo sem nunca apontarem soluções concretas”.
No dia 23, a AGERE denunciou aquilo que chamou de um “ato deliberado e criminoso de vandalismo de alguém que ostensivamente colocou sacos de areia na conduta”, provocando uma descarga poluidora que resultou em “centenas de peixes mortos”.
“Perante a frequência de descargas poluentes no rio Este, os responsáveis da AGERE não podem continuar a sacudir a água do capote, como se de apenas um caso extraordinário se tratasse. O sistema de captação e tratamento de efluentes não está a funcionar bem e a AGERE tem de dizer aos bracarenses que medidas está a tomar para resolver o problema”, defende o BE.
Os bloquistas apontam ainda o dedo ao executivo que gere a autarquia de Braga: “A maioria PSD/CDS na Câmara Municipal de Braga (CMB) não pode continuar a esconder-se atrás da AGERE para evitar assumir responsabilidade na situação vergonhosa que vivemos na gestão de efluentes e na situação do rio Este”.
A AGERE, lembra o texto, “é de capitais maioritariamente públicos municipais e é a CMB que representa esses capitais”.
“É manifestamente insuficiente a atitude da CMB e da AGERE”, acusa o Bloco, que salienta que a “situação é de tal forma preocupante que o Ministério do Ambiente confirmou que desde 2015 e na sequência de ações inspetivas relacionadas com o Rio Este já foram levantados quatro processos de contraordenação à Câmara de Braga e um à AGERE”.
O Bloco exige por isso àquelas duas entidades “ações concretas de prevenção e de resolução definitiva das constantes catástrofes ambientais com que o município se confronta frequentemente”
“Os bracarenses querem saber que medidas estão previstas por parte da empresa municipal AGERE e por parte da Câmara Municipal de Braga para que estas situações sejam evitadas e o sistema de captação e tratamento de efluentes no município de Braga passe a ter níveis de fiabilidade e de qualidade a que temos direito”, lê-se.
À Lusa, Rui Morais referiu que “são mais de 1100 quilómetros de condutas de saneamento” sendo “por isso impossível ter um fiscal em cada quilómetro”.
“São acusações levianas, fáceis de fazer. Ainda para mais no caso concreto em que se tratou de alguém com pura má-fé ter tapado uma conduta num sítio de difícil acesso com sacos de areia”, responder.
O responsável da AGERE deixou ainda um desafio ao BE.
“O BE que apresente ideias concretas, propostas válidas, que a AGERE está sempre disponível para os ouvir”, referiu.