O BE acusou hoje a Águas do Norte de “assédio moral” ao deslocar os trabalhadores de Viana do Castelo e de Guimarães para outros concelhos, exigindo por isso saber “que estudo de viabilidade económica” sustenta aquela decisão.
Num grupo de questões dirigidas aos ministérios do Trabalho e do Ambiente, vários deputados do Bloco de Esquerda à Assembleia da República refutam a explicação de corte de despesa explicando que em ambos os casos, segundo o BE, os contratos de arrendamento das instalações continuarão a vigorar, dando como exemplo os 700 mil euros que a empresa terá pagar ao Vitória Futebol Clube até 2021, data em que se extinguirá o contrato de arrendamento do local onde funcionava a Águas do Norte.
Os bloquistas questionam mesmo se “a estratégia” que se tem vindo a adotar do setor das águas, de “esvaziamento de serviços e clara hostilização” de trabalhadores “não se trata de mais um processo fatal idêntico ao do setor energético”.
Para os deputados que assinam o texto “a única explicação compreensível é um processo de assédio moral aos trabalhadores (…) o que poderá ter em vista a pressão para a rescisão por parte dos trabalhadores do seu contrato de trabalho”.
Os bloquistas referem ainda que “tanto mais que esta empresa tem vindo a assinar, desde o início deste ano, vários contratos de prestação de serviços que esvaziam de funções vários destes trabalhadores”.
Isto porque, explica o grupo, “é indecifrável que estas iniciativas de encerramento de dois polos das Águas do Norte, que se mantêm como fonte de despesas para a empresa mesmo após o seu encerramento, sejam baseadas em baixa de custos operacionais, sendo que a deslocalização dos trabalhadores acarreta ainda mais custos para a operação da empresa”,
Os bloquistas apontam que os 80 trabalhadores de Guimarães vão ser deslocados, a 07 de maio, para Barcelos e Vila Real, sendo que os de Viana do Castelo, cerca de 20, já estão a cumpri funções desde janeiro na estação de tratamento de Águas de Areias de Vilar, Barcelos.
“Esta situação visa mais de uma centena de trabalhadores das Águas do Norte, que desde o início do ano verão o seu local de trabalho transferido para cerca de 2 horas de distância do seu local de residência, afetando a estabilidade e previsibilidade do seu local de trabalho”, refere o texto.
Assim, o BE quer saber se o Governo “que estudo de viabilidade económica levou à decisão do encerramento destes dois polos com a deslocalização de mais de uma centena de trabalhadores para cerca de duas horas de distância diárias”.
Através dos ministérios de Vieira da Silva e de Matos Fernandes os bloquistas questionam o executivo se “é este o modelo escolhido para o setor das águas” uma vez que, perguntam, “estratégia [seguida] tem vindo a caminhar no sentido do esvaziamento de serviços e clara hostilização de trabalhadores”.
O Bloco pergunta ainda se a gestão das águas continuará no setor público, pondo em causa se “este não se trata de mais um processo fatal idêntico ao do setor energético”.