Declarações na ‘flash interview’ da SportTV após o jogo SC Braga-Sporting (2-4), da 11.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado hoje no Estádio Municipal de Braga, em Braga:
– Carlos Carvalhal (treinador do SC Braga): “Jogámos com cinco avançados e apostámos numa entrada forte. Foi a nossa opção inicial, porque, na segunda parte, íamos ter dificuldades físicas. Chegámos ao 2-0 e o [guarda-redes do SC Braga] Matheus não foi praticamente importunado, apesar de o Sporting ter tido mais posse de bola.
Na segunda parte, não houve intencionalidade nenhuma de descermos no terreno. Isso aconteceu fruto da capacidade do Sporting e da incapacidade física da nossa equipa. O 2-1 aparece num canto e os golos seguintes que transformam o jogo surgem em dois remates de fora da área. Antes disso, o Matheus tem uma defesa. Depois, apareceu o 4-2.
O Sporting teve uma grande eficácia. Nós tínhamos vontade e queríamos muito chegar à baliza adversária, mas o Sporting estava mais fresco e colocou defesas rápidos atrás, porque sabia que nós poderíamos explorar uma eventual transição.
Os jogadores fizeram o que tinham de fazer e dou-lhe os parabéns pela partida que fizeram, mas são humanos e, em menos de 72 horas, defrontar uma equipa com a capacidade do Sporting, que tem dinâmicas fortíssimas e dispôs de mais dois dias de preparação… Tenho de lhes dar os parabéns e apelar à compreensão das pessoas.
Tínhamos outra opção, que era resguardar e, na segunda parte, tentar qualquer coisa. Pela experiência que temos no futebol, seria pior, porque não teríamos energia suficiente na segunda parte para suster o adversário e tentar chegar à frente. O tempo iria funcionar contra nós.
Batemo-nos bem contra um adversário que tem feito a vida difícil a toda a gente e podíamos ter vencido. Se calhar, em circunstâncias normais, poderíamos ter discutido este jogo”.
– Rúben Amorim (treinador do Sporting): “Preferia não ter sofrido, mas a forma como este jogo acabou era muito mais do que poderia esperar. Esta semana foi difícil, mas é tão melhor agora e vou tão mais descansado [para o Manchester United], porque estes jogadores são inacreditáveis.
Não começámos bem. Entrámos devagarinho e a deixar correr o tempo. Em duas transições, sofremos dois golos que podíamos ter evitado, mas a segunda parte é inacreditável e tornou tudo mais especial. Chega ao fim esta aventura, mas foi um momento especial e não podia ter pedido melhor.
Contámos em 90 minutos uma história que todos vivemos: de muito sofrimento, de lutar até ao fim. Merecemos a vitória e fomos a equipa que quis sempre mais. Nos 20 minutos finais, notou-se a nossa maior frescura e isso tem a ver com o facto de o Sporting de Braga ter jogado na quinta-feira [empatando 1-1 no terreno dos suecos do Elfsborg, na quarta jornada da fase de liga da Liga Europa].
A vitória de hoje teve muito mais sabor do que na terça-feira [quando o Sporting goleou o Manchester City por 4-1, na quarta jornada da fase de liga da Liga dos Campeões. Qualquer equipa pode bater outra num jogo, mas o que conta é saber ganhar semana após semana e vencer este jogo tem mais significado.
Custou-me ver o Pedro Gonçalves a chorar e a sair [por lesão]. Já não é a primeira vez e tenho a certeza de que jogou por ser o meu último jogo e fez esse esforço. Sinto que está um bocadinho zangado comigo e isso é que me custa bastante.
Os resultados não foram perfeitos. Podíamos ter vencido mais, mas não esperávamos ganhar tanto. Foi uma aventura inacreditável, que gostava que toda a gente vivesse. Fui sempre muito feliz, nunca me senti sozinho. Um treinador estar cinco anos no mesmo clube, terminar um campeonato no quarto lugar e nunca se sentir sozinho é especial. Neste momento, o Sporting é um clube especial.
O Sporting tem tudo para seguir em frente. Há mais incertezas do meu lado do que do futuro do clube. Estou muito confiante de que o Sporting vai seguir o seu caminho. Já disse aos jogadores que será difícil. O discurso e as instruções podem ser diferentes, mas, se eles continuarem a ser muito humildes, o treinador que estiver cá fará o mesmo trabalho, porque este grupo é muito especial.
Não vou ficar uma pessoa diferente [em Inglaterra]. Aguente três meses ou 10 anos, sei que ficarei bem. Tenho plena noção do que é importante na vida. Vou andar mais bem-disposto se ganhar, mais chateado se perder. Agora, não vou perder a minha essência, mais depressa perdia a carreira de treinador. Obviamente, vai ser muito mais difícil. Não tenho ilusões nem sou ingénuo, mas esta aventura foi muito mais arriscada e a outra será o que tiver de ser”.