O Tribunal de Braga condenou, em cúmulo jurídico, a cinco anos e seis meses de prisão, um homem de Barcelos, de 50 anos, julgado pelos crimes de tráfico de estupefacientes e resistência e coação sobre funcionário.
O coletivo de juízes deu como provado que, “pelo menos desde 2020, o arguido António S. M. – de alcunha o Tone do Bairro – dedicou-se, reiterada e ininterruptamente, à venda a terceiros, mediante contrapartida monetária ou outra, de substâncias estupefacientes, designadamente de heroína e cocaína”.
Acrescenta que “desenvolveu a atividade no concelho de Barcelos, concretamente nas freguesias de Vila Frescainha S. Pedro e S. Martinho, essencialmente junto da igreja de Vila Frescainha S. Pedro, no cemitério de S. Martinho, em frente à Farmácia, na Rua Filipa Borges, na rotunda de acesso ao Bairro da Misericórdia, sita nas imediações da sua residência, e ainda nas proximidades do Café Figueiredo e na casa do “Quim Soldado” em S. Martinho, ou em outros locais previamente marcados”.
Era ele quem vendia a maior parte da heroína e cocaína aos consumidores do campo da feira de Barcelos, que “arrumam” carros.
Era motorista e traficava com carros da firma
O homem trabalhava como motorista na “Valerius, S.A.” com sede em Vila Frescainha S. Martinho, “fazendo utilização de várias viaturas da empresa tanto em horário laboral como em contexto pessoal para vender produtos estupefacientes aos consumidores”.
O acórdão judicial refere, ainda, “que, a sua atividade profissional de motorista, proporcionava-lhe estar em constante movimento para entrega e levantamento de artigos, e em viaturas de diferentes marcas e modelos, pelo concelho de Barcelos e limítrofes, e que sempre que algum consumidor o contactava previamente para adquirir estupefacientes, marcava um local e hora”.
O arguido deslocava-se ao Bairro da Pasteleira, no Porto, nomeadamente com uma Mitsubishi Grandis, ligeiro de passageiros, e uma Mercedes Sprinter, ligeira de mercadorias, a fim de ali adquirir drogas, que depois dividia em doses individuais para revender. Noutras ocasiões, “convencia algum consumidor de produtos estupefacientes que tenha viatura própria a levá-lo ao Bairro da Pasteleira para comprar estupefaciente, pagando ao condutor as despesas decorrentes da viagem (gasóleo e portagens) e a devida compensação muitas vezes em heroína e/ou cocaína”.
O Tribunal detetou, também, que, “era contactado pessoalmente ou através do telemóvel, pelos consumidores, acertando as quantidades e tipo de estupefaciente que pretendiam adquirir, bem como, a marcação de hora e agendamento de local onde a transação haveria de ocorrer. contexto pessoal para proceder à venda de produtos estupefacientes aos consumidores”.
Fugiu à GNR e atirou a droga pela janela
No dia 07 de julho 2021, pelas 14:32, deslocou-se ao bairro da Pasteleira, onde adquiriu estupefacientes.
No regresso, na Rua do Paço, Ponte, em Guimarães, pelas 15:30, encostou na berma da faixa de rodagem, onde foi abordado pelo Cabo Araújo e pelo Guarda Principal Ferreira, ambos da GNR. O arguido estava no interior da viatura com o vidro aberto. A viatura policial, parou paralelamente à dele, tendo o Cabo Araújo, junto da porta e em voz alta e perfeitamente audível, se identificado como agente de autoridade “GNR” e exibindo a carteira profissional”.
Aí, e bem sabendo que possuía estupefaciente, começou a fechar o vidro da porta da carrinha, estando já a porta trancada. De seguida, para se furtar à abordagem, iniciou a marcha, e, para conseguir passar abalroou o jipe policial que se encontrava com a porta aberta, ficando assim o Cabo Araújo, que se encontrava no exterior, entre os dois veículos. Encetado seguimento pelas autoridades policiais ao fugitivo, que se deslocou na direção da E.N. 206, Ponte, atirou pela janela as “pedras” de cocaína e os pacotes de heroína que tinha na sua posse.
Ao chegar ao final da Rua da Gandra, freguesia de Silvares, Guimarães, junto da Rotunda da E.N. 206, pelas 15:42, foi verificado pelo Guarda Principal Ricardo Ferreira, que atirou uma caixa pequena, branca, para um terreno reservado à plantação de árvores de fruto, lote 138, que se veio apurar conter no interior heroína e cocaína, concretamente, cocaína com o peso total líquido de 4,559 gramas (suficiente para 42 doses) e 7 pacotes de heroína com o peso líquido de 1,059 gramas. O ‘Tone do Bairro’ apenas imobilizou a viatura na Travessa de S. Tiago, em São Tiago Candoso, Guimarães, refugiando-se no interior da fábrica “Qualidade e Pontualidade Acabamentos, Unipessoal, Lda.” Onde foi detido.
Notícia atualizada às 15h23 com remoção do nome da empresa no título.