Foi uma madrugada tempestuosa no Minho, com particular incidência nos concelhos de Barcelos, Famalicão e Braga, com a queda de centenas de raios durante cerca de uma hora e alguns danos em equipamentos e inundações por terras do ‘galo’. A energia chegou a faltar em zonas desses três concelhos.
De acordo com o observatório de descargas elétricas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), uma grande célula com atividade elétrica começou a formar-se perto da zona litoral, entre Esposende e Barcelos, cerca das 03:10 desta madrugada, com polaridade negativa, desenvolvendo uma atividade contínua sobre a região ao longo de mais de uma hora.
Com a trovoada veio a chuva torrencial, situação que motivo um aviso amarelo de urgência emitido pelo IPMA ao início desta madrugada, com duração até às 07:00 desta terça-feira.
15 minutos de trovoada e chuva intensa
Porém, foi entre as 03:40 e as 03:55 da manhã que a atividade elétrica correu desenfreada com trocas entre descargas elétricas negativas e positivas (estas últimas as mais potentes), resultando em centenas de raios entre-nuvens e nuvem-solo que fustigaram, sobretudo, o ‘triângulo agrícola’ ao redor do médio Cávado entre Braga, Barcelos e Vila Verde.
A energia gerada com 30 raios por segundo (700 Mw) equivale à mesma potência das turbinas de produção da central hidroeléctrica do Lindoso, em Ponte da Barca, as mais potentes do país.
Durante esses quinze minutos, não só a atividade elétrica foi intensa como a chuva caiu torrencialmente, provocando algumas inundações onde foi necessária a intervenção dos bombeiros.
Ocorrências nas três áreas de intervenção de Barcelos
Ao que apurou O MINHO junto das três corporações do concelho de Barcelos, um homem ficou retido no automóvel na Rua da Igreja, em Vila Frescaínha São Pedro, devido à chuva que se abateu e à subida das águas do rio Cávado. Foi necessária a intervenção dos Bombeiros de Barcelinhos para resolver a situação.
Em Areis de Vilar, um poste de eletricidade à face da estrada ‘estourou’ com a trovoada e desencadeou um pequeno incêndio, que a chuva tratou de apagar. Contudo, os Bombeiros de Barcelos deslocaram-se ao local.
Na área de intervenção dos Bombeiros de Viatodos, foi necessária a desobstrução dos canais pluviais na Rua de São João, em Chavão, após inundação da estrada. Também na zona de Viatodos, uma rutura de um canal, provocada pelo excesso de águas pluviais, inundou uma casa. Os bombeiros daquela freguesia acorreram às duas situações.
A trovoada só deixou as regiões do Cávado e do Ave perto das 04:30, com o desvio das células, agora com menor intensidade, em direção ao alto Ave e a Trás-os-Montes, dissipando-se cerca das 05:30, de acordo com o mapa interativo de descargas elétricas do IPMA.
Embora deva voltar a chover durante o final da manhã e início da tarde na região, não é esperada mais trovoada ou chuva torrencial ao longo dos próximos dias, situação que eventualmente se poderá repetir no próximo domingo, mas sempre em menor escala.
80% dos raios caem na terra
A maior parte dos raios chegam à terra, cerca de 80%, e são, na sua grande maioria, com polaridade negativa. Os raios com polaridade positiva, por sua vez, costumam estar associados a uma maior descarga de energia.
Um raio pode chegar aos 20 quilómetros de comprimento e 40 mil quilómetros por segundo, atingindo corrente elétrica superior a 100Kamp.
A Rede de Descargas Elétricas Atmosféricas do IPMA possui quatro detetores, um deles localizado junto ao aeródromo de Braga, funciona desde junho de 2002, deteta e localiza “descargas elétricas atmosféricas (raios) no território continental e áreas oceânicas adjacentes”.
Recentemente foi anunciado um novo detetor para ser instalado em Viana do Castelo.
