A Câmara Municipal de Barcelos aprovou hoje um voto de pesar pela morte do oboísta Samuel Bastos, considerando que se trata de uma “irreparável perda para a cultura” do concelho.
“O talento de Samuel Bastos sempre foi, e será, motivo de grande orgulho para Barcelos e o seu falecimento constituiu uma irreparável perda para a cultura do nosso concelho”, refere o município, em comunicado.
A mesma nota sublinha que Samuel Bastos “manteve sempre uma forte ligação a Barcelos e à Banda Musical de Oliveira, onde nasceu para a música e à qual sempre o ligaram fortes laços familiares”.
Óbito: Oboísta Samuel Bastos (Barcelos) era “um dos melhores da música” mundial
O oboísta Samuel Bastos, de 32 anos, morreu no sábado em Zurique, na Suíça, tendo sido sepultado na quinta-feira na freguesia de Oliveira, concelho de Barcelos, de onde era natural.
Era oboísta solista da Orquestra da Ópera de Zurique (Opernhaus Zurich).
Samuel Bastos foi admitido, em 2012, na Herbert von Karajan Akademie der Berliner Philharmoniker e na Orquestra da Ópera de Zurique, onde trabalhava atualmente.
Aí teve a oportunidade de trabalhar com solistas de renome, como Bartoli, Meier, Kasarova, Netrebko, Stemme, Gruberova ou Damrau.
Samuel Bastos nasceu em 1987 numa família de músicos e iniciou os estudos musicais com o seu pai quando tinha 07 anos.
Estudou no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, bem como na Escola Superior de Música de Lisboa, com José Fernando Silva e Andrew Swinnerton.
Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo estudado também em Zurique, na Zürcher Hochschule der Künste.
Aí concluiu várias especializações, com a distinção máxima na classe de Martin Frutiger (corne inglês) e Thomas Indermühle (oboé).
Em Paris, França, o oboísta estudou com Maurice Bourgue.
Em julho de 2017, Samuel Bastos venceu o concurso internacional de oboé Fernand Gillet-Hugo Fox, organizado pela International Double Reeds Society, na Lawrence University, em Appleton, Wisconsin, Estados Unidos da América.
Foi o vencedor dos concursos internacionais de oboé Giuseppe Ferlendis e Cittá di Chieri, em Itália, e premiado nos concursos internacionais de oboé Giuseppe Tomassini (Itália), Crussel (Finlândia), Barbirolli (Reino Unido) e Riddes (Suíça).
Em Portugal foi vencedor do Yamaha Music Foundation of Europe, do Prémio Jovens Músicos e do Prémio Maestro Silva Pereira.
Aos 17 anos integrou a Orquestra de Jovens da União Europeia, mais tarde a European Wind Orchestra, a The World Orchestra e a Gustav Mahler Jugend Orchester, com a qual realizou digressões por toda a Europa e pela China.
Samuel Bastos colaborou com diferentes orquestras como oboísta solista, com realce para a Gewandhaus Orchester Leipzig, a Oper Frankfurt, a Sinfonie Orchester Basel, a Luzerner Sinfonieorchester, a Berner Symphonieorchester, a Zürcher Kammer Orchester, a Zakhar Bron Chamber Orchestra e a Tongyeong Festival Orchestra.
Ao longo do seu percurso profissional trabalhou com solistas, compositores e maestros de renome, como H. Holliger, M. Vengerov, A. Sophie Mutter ou H. Grimaud.
Apresentou-se como solista na Europa, na Rússia, nos Estados Unidos da América e no Japão.
Apresentou em primeira audição em Portugal obras de compositores como Lenir Siqueira, Akira Nishimura, Vinko Globokar e Gilles Silvestrini.
Samuel Bastos foi ainda membro fundador da Revista Musical Portuguesa Da Capo e colaborou regularmente com a Orquestra XXI.