Chama-se André Barbosa, mas é por Andrezinho que os ouvintes dos discos pedidos das rádios locais da região do Minho o conhecem. Desde que começou, há já vários anos, a participar nestes fóruns, o jovem de 29 anos, de Abade de Neiva, em Barcelos, portador de trissomia 21, desenvolveu mais a fala e fez amigos, alguns para a vida, como o locutor Miguel Sá Pereira, que mesmo depois de abandonar a rádio continua a contactar com ele diariamente. O Dia Mundial da Rádio celebra-se este sábado, 13 de fevereiro, mas para Andrezinho é todos os dias. É a sua companhia diária.
De manhã à noite. “Tenho uma ligação muito forte com a rádio”, afirma André a O MINHO, contando que ouve a Rádio Cávado, Rádio Barcelos, Rádio Voz do Neiva e Rádio Barca. Sabe de cor os horários dos programas dos discos pedidos e participa neles todos. “O que eu peço mais é música do Brasil: Lucas & Mateus, Leandro & Leonardo”, conta Andrezinho, para quem os participantes habituais nos discos pedidos enviam sempre dedicatória.
“É muito famoso pela rádio. Dizem sempre [a dedicar as canções]: ‘para o Andrezinho, o nosso querido Andrezinho’. Pessoas que ele não conhece [pessoalmente], mas pela rádio conhece tudo”, conta a O MINHO a mãe, Emília Almeida.
André conta que já conheceu pessoalmente duas das amizades ‘hertzianas’: “Fui à casa da D. Teresa e também vi a Júlia”. E também conheceu pessoalmente os locutores da Rádio Cávado, Miguel Sá Pereira, Ângela Ferreira e Vítor Sá Pereira. Inclusivamente, no dia do seu aniversário, estes chegaram a surpreendê-lo e levá-lo ao estúdio da rádio. “Tem muitos amigos pela rádio”, realça a mãe.
“O Andrezinho é o meu melhor amigo”
Miguel Sá Pereira, ex-locutor da Rádio Cávado e atualmente diretor de comunicação do Gil Vicente, manteve sempre o contacto próximo com André, mesmo depois de ter deixado os microfones da 102.4 FM.
“O Andrezinho é o meu melhor amigo. A rádio trouxe-me um ser humano único, sensível, inteligente e amigo”, afirma a O MINHO Miguel Sá Pereira, sublinhando que “é a figura central de milhares de ouvintes”. E acrescenta: “Tenho muita sorte em o ter na minha vida”.
É uma amizade para a vida que fica da paixão pela rádio. A paixão é de tal forma que o pai de André criou-lhe um compartimento próprio, para ele estar à vontade no seu espaço com as suas aparelhagens, que estão todo o dia a tocar.
Emília Almeida assinala que as rotinas do filho estão definidas em torno da rádio: “Põe-se a pé, toma o pequeno-almoço, arruma a louça, que ele gosta de pôr tudo nos sítios, e por volta das 09:00 vai para a rádio. Lá para as 10:00 vem comer qualquer coisa e vai outra vez. Depois, ao meio-dia ele gosta de pôr a mesa para o almoço e depois quando for 14:00 vai outra vez para a rádio. Às 16h00, que é quando acabam os discos pedidos, vem outra vez e arruma as coisas dele, come qualquer coisa e depois vai outra vez até às 20:00”.
Além de fazer amigos, participar nos discos pedidos ajudou André a desenvolver-se ao nível da fala. “Antes de ligar para a rádio e falar com eles não estava tão desenvolvido. Desde que começou a ligar para a rádio, para os discos pedidos, a conversar através da rádio com o Miguel [Sá Pereira], a Ângela [Ferreira] e o Vítor [Sá Pereira] desenvolveu mais a fala”, refere Emília Almeida.
Para Andrezinho, o dia da rádio são todos os dias.