O fundador do PSD Francisco Pinto Balsemão defende que o partido deve acompanhar a fase final do mandato do Presidente da República, escolher bem o seu próximo candidato presidencial e “nada” com a extrema-direita ou o PS.
Estas posições do antigo primeiro-ministro constam de um vídeo que foi exibido no início da sessão comemorativa do 49º aniversario do PSD, que decorrem em Coimbra e que terminam com uma intervenção do líder do partido, Luís Montenegro.
“Temos muito trabalho para fazer na Assembleia da República, não apenas no desmascarar dos irritantes casos e casinhos, mas também na apresentação de propostas de lei sobre temas essenciais, como a cada vez mais urgente reforma do poder judicial ou as mudanças indispensáveis na lei eleitoral”, sustentou.
Neste contexto, o fundador do PSD colocou como missão a vitória nas próximas eleições europeias e legislativas. E, para isso, deixou algumas recomendações.
“Temos de acompanhar – ou comboiar, como quiserem – a fase final do mandato do atual Presidente da República, temos de saber escolher e apoiar o próximo Presidente da República”, acrescentou.
“Não queremos nada com a extrema-direita – lembram-se daquela canção brasileira: Chega prá lá? -, mas também nada queremos com este PS. Queremos ser nós próprios. Um partido social-democrata de centro esquerda, como sempre disse, e defendeu (e atacou, quando necessário) Francisco Sá Carneiro”, frisou na sua mensagem.
Antes, Francisco Pinto Balsemão considerou que “o desgoverno atinge todas as áreas” em Portugal.
“São os casos e casinhos que se acumulam e emaranham. É a lentidão paralisante na tomada de decisões, agravada pelas demoras inaceitáveis na regulamentação de qualquer lei. É a arrogância de ministras, ministros e respetivos secretárias e secretários de Estado na maneira como respondem – ou melhor, não respondem – a perguntas e solicitações que lhes são apresentadas pelas pequenas, médias ou grandes empresas, pelas associações e outras instituições da sociedade civil”, apontou.
Assiste-se, na sua opinião, a “inoperâncias para todos os gostos, desde o não aproveitamento dos fundos europeus à não regulamentação específica do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência)”.
Isto, prosseguiu, “sem esquecer pormenores mais concretos, mas reveladores, como o não convite, chamemos-lhe assim, à ministra da Agricultura para visitar a Ovibeja ou o caso rocambolesco do computador (e da bicicleta) no Ministério das Infraestruturas”.
“Tudo isto sob a batuta de um Presidente da República que é nossa missão apoiar, mas que nem sempre consegue dar a entrada certa aos diversos solistas”, criticou.
Depois, salientou valores programáticos do PSD como a solidariedade e o combate às desigualdades, traçando a partir daí uma linha de demarcação em relação a outras forças políticas.
“É isto que nos separa, clara e definitivamente, de uma direita antropófaga. É isto que nos separa de um socialismo retrógrado, estatizante, inimigo da sociedade civil e de tudo o que esta pode e deve contribuir para o bem de Portugal”, assinalou.
Na sua mensagem, lembrou que apoiou no último congresso a candidatura derrotada de Jorge Moreira da Silva.
“Mas Luís Montenegro ganhou e ganhou bem, e, repito, foi democraticamente eleito pelo nosso partido. A partir daí, passei a apoiar o nosso líder, sempre que para tal sou solicitado, ou por iniciativa própria, ou ainda no Conselho de Estado, onde estou como membro eleito por proposta do PSD. Estou aqui para vos dizer que vou continuar, dentro das minhas possibilidades, a apoiar o líder do PSD e a sua equipa”, acrescentou.
O Partido Popular Democrático (PPD) foi fundado em 06 de maio de 1974, tendo sido registado no Supremo Tribunal de Justiça em 25 de janeiro de 1975.
Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão e Joaquim Magalhães Mota foram os fundadores mais destacados do partido.
A designação e sigla foram alteradas para Partido Social Democrata (PPD-PSD) em 03 de outubro de 1976, tendo a denominação “PPD” vindo a cair em desuso desde então.