Pelo sexto ano consecutivo, um conjunto de indivíduos de baleia-azul – os maiores animais que alguma vez existiram – banha-se na costa galega, com a particularidade de o grupo ter sido avistado já muito perto da ‘linha’ de mar minhota, em Caminha, provavelmente o mesmo grupo que se alimenta perto da costa em Baiona. É que nem os dinossauros atingiram tamanhos ‘mastodônticos’ como esta espécie, que pode pesar até 180 toneladas e atingir 30 metros de comprimento.
Bruno Diaz, diretor do Bottlenose Dolphin Research Institute, instituto espanhol que pretende entender e conservar cetáceos (baleias, golfinhos e focenídeos), e que acompanha, pelo sexto ano, a chegada destas baleias à costa galega, explicou a O MINHO que a primeira vez que estes indivíduos foram avistados foi em 2018, seguindo-se 2020 e duas vezes em 2021. Durante o dia de ontem, foram novamente vistos a alimentar-se junto às praias.
Por se tratar dos mesmos indivíduos, ano após ano, não se pode dizer que o número de baleias-azuis que se alimentam nas águas a norte do Minho esteja a aumentar, conforme explicou o especialista, mas é um bom indicador para a recuperação, uma vez que não foram vistas durante anos, sobretudo por causa da tradição de caça de baleia nas nossas águas oceânicas.
Esta espécie abundava em quase todos os oceanos até ao início do século XX, altura em que começaram a ser caçadas em massa, levadas à beira da extinção pelos baleeiros. Finalmente, em 1996, tornaram-se objeto de mecanismos de proteção adotados pela comunidade internacional. O último relatório (censos) aponta para a existência de cinco a doze mil baleias-azuis ao redor do mundo.
Bruno Diaz adianta que no sul de Portugal há avistamentos de baleias, mas são as “comuns”, e não as azuis. Contudo, e no que diz respeito às azuis – porque sobem pela península para se alimentarem na Galiza e outras zonas – é natural que passem junto à nossa costa. O instituto espanhol “pensa que sim, que é possível passaram na costa minhota antes de chegarem à Galiza”, até porque seguem a mesma rota migratória proveniente de sul.
“Na costa portuguesa há o final da plataforma continental, onde a profundidade aumenta, e é mais ampla que a costa galega, por isso na Galiza observamos mais perto da costa, onde se alimentam, mas temos avistado exemplares perto da fronteira portuguesa com Caminha”, que serão as mesmas que são vistas em Baiona, um pouco mais a Norte.
O biólogo revela ainda que em Portugal não se fazem projetos específicos durante este período do ano, que é quando passam pela costa, e por isso não é possível afirmar com clareza se já foram avistadas na costa minhota. Luís Diaz salienta, no entanto, que Portugal tem vários “projetos “muito interessantes e importantes” a serem desenvolvidos nos Açores e na Madeira, em relação às baleias.
As baleias-azuis seguem, nesta altura do ano, uma rota migratória que vai desde os trópicos até à carótida polar. Pensa-se que a paragem em águas portuguesas (mais nas Ilhas) e espanholas sirva para retemperar forças para o que resta da viagem.