Um homem baleado em outubro de 2017 em Braga por um vizinho disse hoje, em tribunal, que viveu “momentos de terror”, já que o agressor só terá parado de disparar quando ouviu as sirenes da polícia.
“Cheguei a temer a morte, mas a polícia salvou-nos [a ele e ao irmão], porque ele quando ouviu as sirenes da polícia deixou de disparar”, contou.
Disse ainda que lhes valeu o facto de se terem conseguido refugiar numa garagem e de lá dentro haver um automóvel que serviu como uma espécie de escudo.
O caso remonta a 26 de outubro, na rua Sá de Miranda, na cidade de Braga, quando um homem de 49 anos disparou sobre dois vizinhos, atingindo um deles no abdómen e numa perna.
Hoje, no início do julgamento, o arguido assumiu a autoria de nove disparos de caçadeira mas negou a intenção de matar, sublinhando que escolheu “os cartuchos mais fraquinhos” de entre os cerca de 350 que tinha em casa e que apontou para o chão portão e não para os vizinhos.
Disse que não falava há uns seis anos com os vizinhos, irmãos, que estes “faziam pouco” dele e que uns dias antes dos disparos tinham tido novos desentendimentos, por causa do retrovisor de um carro.
Acrescentou que, no dia dos factos, os dois vizinhos e outros dois homens o esperaram à porta de casa, tendo então sido agredido a murro e pontapé, pelo que foi a casa, pegou na caçadeira e efetuou nove disparos, mas apenas para lhes dar uma lição.
O homem baleado contou uma versão diferente, dizendo que foi o arguido quem teve uma atitude agressiva para com um dos indivíduos que o acompanhava, no caso um agente da GNR à paisana.
Disse ainda que o agressor tem problemas de saúde do foro psicológico e que nos últimos tempos aparentava andar “descompensado”, assumindo uma postura de “crescente agressividade”.
Os disparos provocaram danos no portão e numa viatura que estava estacionada dentro da garagem.
O arguido, que está em prisão preventiva, responde por dois crimes de homicídio, na forma tentada, e um crime de dano.