Autor do atropelamento mortal de Braga indiciado de homicídio

Na sequência de corridas ilegais
Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

O autor do atropelamento mortal de Braga, na sequência de corridas ilegais no Parque Industrial de Sobreposta, que vitimou um jovem de 18 anos, encontra-se já indiciado pela prática de um crime de homicídio por negligência grosseira.

A conduta atribuída ao “piloto” de drift, residente em Famalicão, de homicídio por negligência grosseira, é punida com uma pena até cinco anos de prisão, a que há a acrescer a indiciação por crime de omissão de auxílio, punida até dois anos de prisão.

Segundo testemunhas oculares, o condutor do BMW Série 1 branco, automóvel conhecido em Braga pela participação em corridas ilegais de drift, tentou fugir do local do acidente de viação mortal, mas terá sido agarrado até à chegada da GNR.

Foto: Joaquim Gomes / O MINHO

Segundo vários penalistas, contactados por O MINHO, há também o crime de condução perigosa de veículo rodoviário, punido com pena de até três anos de prisão, mas em princípio esta imputação será absorvida pelo homicídio por negligência grosseira.

Para além da questão penal, coloca-se igualmente a responsabilidade civil decorrente dos crimes em causa, que se manterá, no entanto, sempre, independentemente da condenação a que for sujeito, uma vez que está em causa a perda de vida de um jovem.

Aceleras são acarinhados 

A morte de Rafael Vilar veio chamar a atenção para o clima de impunidade que se vive em Braga em termos de corridas ilegais de automóveis, havendo já alguns casos de ferimentos, mas nos quais as vítimas não declaram a verdadeira razão dessas lesões.

A GNR e a PSP têm sido alertadas para o fenómeno, que coloca em perigo a vida de terceiros, realizando, de vez em quando, uma ou outra operação direcionada contra as corridas ilegais de automóveis, o que não impede o crescimento de tais atividades.

Com as caraterísticas dos carros alteradas (tuning), visando dar-lhe mais potência e visibilidade, os pilotos antes de arrancarem são cercados pelos entusiastas, que se agarram aos automóveis, enquanto estes “aquecem” e vão largando fumarada e barulho.

Os chamados “aceleras” são “acarinhados” pelos espetadores, que os incentivam, durante as corridas clandestinas, em que não há competição, isto é, não se luta pela vitória, mas sim só pela participação, quase sempre durante as noites dos fins de semana.

O Parque Industrial de Sobreposta, em Braga, onde ontem ocorreu a trágica morte de Rafael Vilar, é um dos locais prediletos, mas também nas freguesias de Adaúfe e de Palmeira, nos respetivos parques industriais, além das variantes da cidade de Braga.

A Variante Norte, entre Ferreiros e Maximinos, perto do túnel da estação ferroviária de Braga, é outra zona muito procurada, para corridas ilegais, bem como a Variante Sul, entre Lamaçães e Nogueira, neste caso mais as corridas de motos, toda a noite.

Pacatez em Sobreposta durante o dia

A freguesia de Sobreposta, em Braga, continua a primar pela ruralidade, contrastando muito não só com as movimentações da sua zona industrial, como a agitação das corridas ilegais de drift, que na madrugada deste sábado causaram uma trágica morte.

Poucas horas depois da morte, por atropelamento, de um jovem na flor da idade, Rafael Vilar, de 18 anos, natural e residente na freguesia vizinha de Pedralva, o mesmo local da tragédia era palco da passagem de um pacato rebanho de cabras e ovelhas.

A zona envolvente, em plena Serra dos Picos, por trás e abaixo do santuário mariano do Sameiro, tem caminhos pedestres e é muito procurada não só por caminheiros, como ainda por ciclistas BTT e motociclismo, também com as atividades de moto 4.

As freguesias de Espinho, de Sobreposta e de Pedralva, a leste da cidade de Braga, confrontando já com extremas dos concelhos de Guimarães e Póvoa de Lanhoso, oferecem recantos de muita beleza, o que os Moinhos de Portuguediz são só um exemplo.

Tal como na confinante União de Freguesias de Este São Pedro e Este São Mamede, não é preciso sair do concelho de Braga para respirar ar puro e banhar-se nos regatos que correm pelos montes e serras que se incluem também na Cordilheira do Gerês.

A agricultura e a pastorícia são atividades que continuam, indiferentes ao passar do tempo, embora em muito menor escala, já que aquela zona alta do concelho de Braga tem condições ímpares para viver, a poucos minutos do centro da cidade de Braga.

 
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