Autarca de Guimarães quer novo edifício hospitalar e acusa Hospital de Braga de “interferência negativa”

O presidente da Câmara, Domingos Bragança, defendeu a necessidade da construção de “um novo edifício hospitalar complementar ao já existente”, para albergar a anunciada Unidade Local de Saúde de Guimarães e Alto Ave e novas valências de especialidades. O autarca apresentou a proposta durante um debate organizado pelo PS de Guimarães, na sala de conferências da Plataforma das Artes, sobre a articulação local-regional na prestação dos serviços de saúde pública.

Perante quase uma centena de militantes socialistas, mas também médicos, enfermeiros, gestores e cidadãos, Domingos Bragança defendeu a criação de um novo edifício, complementando o que existe atualmente para instalar, não só a sede da ULS de Guimarães e Alto Ave, mas também novas especialidades e para qualificar as já existentes.

Domingos Bragança acusa o Hospital de Braga de querer ficar com médicos de Guimarães

O autarca de Guimarães manifestou-se preocupado com a possível perda de centralidade do Hospital Senhora da Oliveira, face às tentativas de aliciamento dos profissionais médicos pelo Hospital de Braga. Domingos Bragança lamentou que o Hospital de Braga “tenha entrado por lógicas não cooperativas com o Hospital Senhora da Oliveira, tentando ficar com os especialistas em obstetrícia que o próprio hospital de Guimarães lhe tinha enviado, por empréstimo, para suprir as carências ocasionais daquele hospital”. O presidente instou o Governo a fazer da requalificação do Hospital de Guimarães “uma prioridade” e deixou o compromisso de a Câmara Municipal ceder o terreno necessário.

Domingos Bragança dedicou ainda mais uma crítica ao Hospital de Braga que acusa de “interferência negativa” para atrasar a abertura do serviço de hemodinâmica do Hospital Senhora da Oliveira.

Neste debate participaram também Henrique Capelas, Presidente do Conselho de Administração do Hospital Senhora da Oliveira e responsável pela equipa encarregada de fazer o Plano de Ação e Investimento para a Unidade Local de Saúde da nova ULS a criar em Guimarães e Novais de Carvalho, Diretor Executivo do ACES Alto Ave.

Em resposta enviada a O MINHO, o Hospital de Braga mostrou “total estupefação” com as declarações do autarca.

O Conselho de Administração daquela unidade de saúde esclarece que o Hospital da Senhora da Oliveira “não cedeu qualquer Especialista de Ginecologia e Obstetrícia ao Hospital de Braga, tendo inclusivamente contratado dois Médicos desta Especialidade à Unidade Hospitalar Bracarense, em
2022”.

“Quanto ao Serviço de Hemodinâmica, o Conselho de Administração do Hospital de Braga realça a relação de cooperação e parceria estabelecida com o Hospital de Guimarães, com vista à formação dos profissionais da instituição vimaranense (médicos e enfermeiros) que, inclusivamente, se encontram em formação no Hospital de Braga desde 15 de dezembro de 2022, tal como acordado com a direção executiva do Serviço de Nacional de Saúde”, acrescentou.

Cuidados de Saúde Primários com medo da centralização no Hospital

Henrique Capelas apelou a que “o sistema de saúde se centre na saúde e não na doença”. Para este administrador hospitalar uma “gestão centrada nos cuidados de saúde primários, permite poupar e tornar mais eficaz o próprio sistema hospitalar”. O presidente do conselho de administração do Hospital de Guimarães defendeu que o modelo das ULS, com “integração dos cuidados de saúde”, é a solução para alcançar estes objetivos.

Sem se opor às ULS, Novais de Carvalho foi mais prudente, chamando a atenção para a inexistência de estudos com a consistência suficiente para a avaliar o funcionamento destas Unidades. Sobre os perigos da excessiva centralização da ULS, Henrique Capelas referiu que ele próprio defendia que a sede não ficasse no Hospital de Guimarães, para contrariar os “vícios de ‘hospitalocentrismo’”.

O HSOG fez, em setembro passado, 31 anos, quando foi inaugurado era um dos mais modernos do Norte. A Unidade de Hemodinâmica do Hospital de Guimarães, no valor de 1,5 milhões de euros, foi equipada com dinheiro conseguido através de um peditório feito pela Liga dos Amigos do Hospital e por acordos com fornecedores e está a aguardar autorização para abrir, desde outubro de 2018. Os atrasos ficaram a dever-se às dificuldades de inserção do serviço na rede de referenciação nacional que enviava todos os doentes para o Hospital de Braga. As últimas informações apontam para que a abertura será a 1 de março deste ano. O HSOG manda, por ano, 1.200 doentes para outros hospitais por ter este serviço fechado.

Notícia atualizada às 17:52 com a reação do Hospital de Braga